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Polícia investiga morte de adolescente após prática de indução de desmaio no Ceará

Angélica Feitosa

Do UOL, em Fortaleza

31/08/2012 13h25

A Polícia Civil do Ceará investiga o caso de uma adolescente de 15 anos que foi encontrada morta pelos pais em seu quarto, em um bairro de classe média de Fortaleza. A polícia informou acreditar que a adolescente realizou uma prática que consiste na “brincadeira” de colocar uma corda pressionando o pescoço para induzir ao desmaio. O laudo cadavérico apontou asfixia como a causa da morte.

O fato ocorreu em maio, e somente agora, após a conclusão da perícia e emissão do laudo, em julho, foi divulgado para a imprensa. Segundo o delegado Munguba Neto, titular do 4º Distrito Policial,  responsável pela investigação, tudo indica que aconteceu uma prática comum entre jovens , “sobre a qual os adolescentes conversam entre si”.

Na escola onde ela estudava, segundo o delegado, o assunto era comentado entre os colegas. O objetivo é colocar uma corda no pescoço, acompanhado de um grupo, para induzir à inconsciência. Quando ocorre o desmaio, a corda é retirada. O processo de retomada da consciência seria o que os adolescentes buscariam experimentar.

Com base no laudo e nas investigações, a Polícia disse acreditar que a garota tenha usado uma corda ao redor do pescoço para provocar o desmaio. Porém, por estar sozinha, não houve tempo para reagir, e ela acabou morrendo. Ainda de acordo com o delegado, a própria família ajudou a chegar à conclusão da morte acidental, uma vez que a adolescente não vivia problemas pessoais nem apresentava sinais de querer tirar a própria vida.

A pedido da família, não foram divulgadas a identidade ou o nome da escola em que a adolescente estudava. Segundo o delegado, a família continua muito abalada, e a irmã da adolescente, que tem 13 anos, passa por tratamento psicológico após o caso.

Alerta

O delegado Munguba Neto afirmou que esse tipo de situação serve de alerta para os pais. “Quem não sabia [desse tipo de prática] passa a saber. É algo que alerta e também ensina”, disse. A psicóloga Rosane Maneira afirmou que os adolescentes estão em um grupo de iguais, em um espaço em que fantasiam sobre a vida adulta. "E muitos buscam provar coragem."

Para ela, esse caso é muito singular, e é preciso investigar mais o histórico de vida de adolescentes que optam por desafiar a vida dessa forma. “Não é comum relatos de brincadeiras para a indução de desmaios. Para a morte dessa adolescente, só se pode supor por ela, mas não falar por ela, pelos motivos e fantasias dela.”

De acordo com a psicóloga, os adolescentes precisam falar mais de suas fantasias, do que projetam para o futuro e, por mais que tenham direito à privacidade, os pais precisam sempre interagir com os filhos.