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Polícia investiga 40 suspeitos de integrar rede de turismo sexual na zona sul do Rio; um é preso

Júlio Reis

Do UOL, no Rio de Janeiro

12/11/2012 11h34Atualizada em 12/11/2012 16h17

Policiais da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima prenderam em flagrante nesta segunda-feira (12), um suspeito de integrar uma quadrilha de aliciamento de crianças e adolescentes para uma rede de prostituição em Copacabana e outros crimes de cunho pedófilo, na zona sul do Rio de Janeiro.

De acordo com o delegado da especializada, Marcello Braga, por volta de 40 pessoas estão sendo investigadas pelos crimes, sendo que uma parte delas agia de modo integrado e outros por conta própria.

Na casa do suspeito preso foram encontradas mídias de pornografia infanto-juvenil, inclusive imagens e filmagens de produção própria. Na sala do apartamento, havia um espaço para pole dance. Segundo Braga, o acusado agia tanto como cliente como agenciador na prostituição das menores.

A prisão faz parte da Operação Salve Jorge, que está coletando dados dos integrantes da suposta quadrilha e seu modo de agir. A polícia pretende individualizar a conduta dos investigados para fundamentar a denúncia que deve ser oferecida pelo Ministério Público.

Nesta segunda-feira, oito mandados de busca e apreensão foram realizados visando o encontro de material pornográfico infanto-juvenil. Entre os locais onde se realizou buscas estão os apartamentos de três americanos e o bar-restaurante Balcony, em Copacabana. O responsável pelo estabelecimento não foi localizado para comentar o caso.

Segundo Braga, a análise do material apreendido entre computadores e arquivos de mídia deve começar a ser feita em breve, podendo servir como prova no inquérito, que está sob sigilo de Justiça.

Várias garotas de programa menores de idade foram ouvidas, durante sete meses de investigação. Além dos depoimentos colhidos, policiais se infiltraram em pontos pré-determinados de prostituição. Endereços de suspeitos e comércios também foram investigados, sendo que fotografias e filmagens foram realizadas.

Segundo a polícia as adolescentes diziam aos clientes que eram maiores de idade e muitas vezes chegavam a apresentar documentos de identidade falsificados. No entanto, os clientes mais assíduos conheciam a idade das garotas e, algumas vezes, exigiam o relacionamento apenas com menores e faziam orgias regadas a bebidas e drogas.

Com a participação de agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, da Delegacia de Proteção da Criança e do Adolescente da Delegacia Especial de Apoio ao Turismo, a Operação Salve Jorge busca identificar ainda hotéis, bares, restaurantes, boates, taxistas e empresas de turismo que tenham vínculo com o turismo sexual envolvendo crianças e adolescentes.

Pelas investigações, constatou-se ainda que taxistas de confiança eram indicados a estrangeiros, sendo responsáveis por pegá-los no Aeroporto Internacional do Galeão, intermediar programas com menores e fornecer drogas, caso solicitados.

Rocinha

Há menos de três semanas, no dia 25 de outubro, Dhemian Alves Lopes foi preso em flagrante acusado de aliciar as menores e oferecê-las para turistas na comunidade da Rocinha, zona sul do Rio. Ele encontra-se no Presídio João Carlos da Silva, em Japeri, na Baixada Fluminense.

O criminoso foi preso quando chegava em casa na rua Dionéia, local que também era utilizado para a prostituição das adolescentes. A operação conjunta de policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Rocinha e da 15ª DP (Gávea), desarticulou o núcleo de prostituição infantil que funcionava na comunidade.

As investigações duraram três meses. Os policiais da UPP chegaram até o local após receberem denúncias de moradores. Depois de realizarem um trabalho de inteligência, os policiais militares procuraram a Polícia Civil para dar início às investigações.