Milícia do Rio lucrava R$ 6 milhões por ano; pastor chefiava esquema de agiotagem, diz polícia
O grupo paramilitar autodenominado "Liga da Justiça", milícia que atua em pelo menos cinco bairros da zona oeste do Rio de Janeiro, lucrava cerca de R$ 6 milhões por ano com cobrança de taxas e exploração de serviços clandestinos, tais como o "gatonet" (sinal roubado de TV por assinatura). Nesta quinta-feira (6), 11 suspeitos foram presos durante a operação Pandora Dois, deflagrada pela Polícia Civil em parceria com o Ministério Público.
Os criminosos tinham um faturamento de R$ 500 mil mensais, de acordo com a Draco-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais). A ação é um desdobramento da operação Pandora 1, ocorrida em setembro deste ano, quando 17 pessoas foram denunciadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público).
Um dos presos é o pastor Dijanio Aires Diniz, vulgo "Pastor", que liderava, segundo a polícia, um esquema de agiotagem (um dos braços econômicos da Liga da Justiça). No total, o MP conseguiu na Justiça 13 mandados de prisão --dois homens ainda estão foragidos: André Marcelo Botti de Andrade, o "Botti", e Cléber Oliveira da Silva.
De acordo com as investigações, Diniz utilizava as dependências da Igreja Pentecostal Deus é a Luz, em Campo Grande, na zona oeste, como escritório de empréstimos e cobranças. O religioso é acusado de chefiar, em conjunto com o ex-PM Carlos Henrique Garcia Ramos, conhecido como "Henrique", uma vasta rede de agiotas.
Ramos é conhecido "pela truculência", segundo o MP, e foi preso, em flagrante, em maio deste ano, quando extorquia R$ 120 mil de uma das vítimas junto com o denunciado Luciano Alves da Silva, o "Cobra", e Célio Alves Palma Junior.
"A igreja funcionava como escritório da milícia, onde o pastor fazia os empréstimos, cobrava os juros e, além disso, orientava fiéis para que votassem em determinados candidatos, algo que pode se identificar como um curral eleitoral", afirmou o delegado da Draco-IE, Alexandre Capote.
Além das prisões, foram apreendidos nesta quinta-feira (6) um caminhão com combustível supostamente adulterado, cinco carros importados, três armas, munição de uso restrito, um disco rígido de computador (HD), cerca de R$ 5 mil e vários computadores e documentos.
De acordo com o delegado, o grupo cobrava 30% de juros ao mês das vítimas e ameaçava as pessoas que atrasassem o pagamento. O titular da Draco-IE explicou que os acusados seguiam um padrão: ameaças de morte dirigidas a parentes dos devedores, agressões e até assassinatos.
De acordo com as investigações, o bando atuava em cinco bairros da zona oeste e cometia uma série de crimes como agiotagem, extorsões, ameaças, comércio ilegal de combustíveis, além da exploração de transporte alternativo, de máquinas caça-níqueis e cobrança irregular de "taxa de segurança".
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