PM mata estudante com tiro à queima-roupa dentro de hotel em SP; vídeo
Um policial militar matou um homem com um tiro à queima-roupa em um hotel na zona sul de São Paulo na madrugada desta quarta-feira (20). Os policiais envolvidos no caso foram afastados. Defesa da família do estudante fala em "execução".
O que aconteceu
Os policiais chegaram ao local e viram o estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22 anos, "bastante alterado" e agressivo, segundo o boletim de ocorrência. Ele chegou a ir para cima dos policiais.
Ainda segundo relato da polícia, ele teria tentado pegar a arma de fogo de um dos policiais, ocasionando no disparo. O resgate foi acionado e o estudante foi levado ao Hospital Ipiranga, mas morreu. As imagens divulgadas das câmeras do hotel, entretanto, não mostram o estudante tentando pegar arma.
A morte foi registrada como decorrente de intervenção policial. O agente que atirou no jovem teve sua arma apreendida.
Dois policiais estavam com câmeras no uniforme, mas alegaram que elas estavam desligadas. Será feito uma nova perícia para tentar identificar se os equipamentos estavam, de fato, desligados. Segundo o advogado da família de Marco Aurélio, Roberto Guastelli, testemunhas do local afirmaram que as câmeras corporais estavam ativadas.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirma que está apurando o caso e confirmou o afastamento dos policiais. "As polícias Civil e Militar apuram as circunstâncias da morte de um homem de 22 anos, ocorrida na madrugada desta quarta-feira (20), na Vila Mariana, na capital paulista. Os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados em inquérito e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações".
Além disso, a pasta diz que o estudante "golpeou a viatura policial e tentou fugir". "Ao ser abordado, ele investiu contra os policiais, sendo ferido. O rapaz foi prontamente socorrido ao hospital Ipiranga, mas não resistiu ao ferimento. A arma do policial responsável pelo disparo foi apreendida e encaminhada à perícia. A defesa da família de Marco Aurélio nega que ela tenha feito qualquer agressão contra os PMs ou contra a viatura.
Marco Aurélio Cardenas Acosta era estudante de medicina na faculdade Anhembi Morumbi.
Suposta agressão
Uma mulher que estava com Marco no hotel afirmou que foi agredida por ele momentos antes da morte. No relato à polícia, ela afirmou ser garota de programa e que mantinha uma "relação de afinidade" com o estudante de medicina.
Em depoimento, ela disse que o estudante a agrediu na cabeça durante uma discussão entre os dois por R$ 20 mil que ele supostamente devia a ela. Segundo a mulher, a agressão ocorreu no momento em que ela tentou sair do quarto de hotel. "Olha o que você acabou de fazer, você está colocando a mão em mim", teria dito.
O recepcionista do hotel ligou para o quarto em meio à discussão. O estudante afirmou que estava tudo bem, mas ela rebateu: "Não, não está nada bem, eu quero sair daqui", disse, segundo o depoimento.
A PM foi acionada após a discussão pelo recepcionista. Ele afastou a mulher do local quando os agentes chegaram, mas ela conseguiu ouvir um disparo.
Ela também relata outra agressão, sofrida no Hospital Ipiranga, para onde Marco foi levado. A família dele a teria ofendido e o irmão do estudante teria dado um soco no rosto dela, segundo o depoimento.
A mulher disse à Polícia Civil que continuava cobrando a Marco pelos programas, apesar da relação afetiva. Foi assim que o estudante teria acumulado a dívida.
Ela também afirmou que as discussões entre eles eram comuns, tanto por questões financeiras, quanto pela família dele. Segundo o depoimento, a relação entre os dois não era aceita pelos familiares, e ele a impedia de trabalhar por ciúmes.
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Quero receberOs dois teriam se encontrado por acaso em um bar. Ela disse que Marco ingeriu "muita bebida alcoólica". Depois, ele teria chamado a garota de programa para ir ao hotel. Ela disse que pretendia apenas cobrar a dívida dele e depois ir embora. O estudante de medicina teria pagado apenas R$ 250.
Defesa da família nega agressões
O advogado da família afirmou que Marco Aurélio não agrediu mulher, que era amiga e não garota de programa. Segundo ele, o porteiro do hotel negou qualquer briga e acionamento da polícia militar. "Nunca a vítima a impediu de trabalhar. As discussões que ocorriam eram normais de casais, sem agressões físicas".
Família defende que Marco Aurélio foi executado pelos policiais. Ele não teria batido na viatura e nos policiais e as imagens não mostram ele tentando pegar a arma dos agentes.
MC e filho de médicos
Marco Aurélio se identificava nas redes sociais como MC Boy da VM. Ele dizia ser mestre de cerimônias e compositor.
O estudante mantinha um perfil no Spotify com duas músicas: "No Tempo da Escola" e "As Top da Seleção".
O time de futebol do curso de medicina compartilhou uma nota de pesar nas redes sociais. "Nesse momento de tristeza, a Família Fut Med Anhembi expressa toda a sua solidariedade e carinho por nosso querido amigo e seus familiares. Bilau, sempre nós lembraremos de você com muito amor e carinho", diz um trecho da publicação.
Em dois vídeos compartilhados no post, Marco aparece rimando para os outros estudantes. "Obrigada por tudo, Bilau! Que você encontre a paz. Lamentamos profundamente o seu falecimento. Ao time, qualquer coisa que precisarem, entrem em contato, estamos com vocês!", escreveu o perfil do curso de medicina.
Nas redes sociais, ele publicava fotos em viagens. "Ou corre com 'nóis', ou corre da gente. Tirei férias do Brasil. Na Europa, esclareço a mente", diz a publicação, acompanhada de uma foto em que o MC está na ilha de Santorini, na Grécia.
Marco Aurélio era filho de médicos. Silvia Mónica Cárdenas Prado é intensivista no Hospital das Clínicas, e Julio Cesar Acosta Navarro, cardiologista na mesma instituição e ufólogo. Julio é fundador da Academia Latino Americana de Ufologia Científica, que pesquisa a existência de extraterrestres.
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