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'O que houve ontem no centro foi uma atrocidade', diz Haddad

Fabrício Calado

Do UOL, em São Paulo

19/06/2013 12h25

O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou nesta quarta-feira (19) que “o que houve ontem no centro [de São Paulo] foi uma atrocidade”. Na noite de terça-feira (18) alguns manifestantes depredaram o prédio da prefeitura e diversas lojas na região central de São Paulo. "Isso prejudica a cidade. São Paulo convive bem com movimentos sociais, mas gestos como os de ontem não contribuem".

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Indagado sobre a atuação da polícia, Haddad afirmou que a GCM (Guarda Civil Metropolitana, de responsabilidade da Prefeitura) acionou a PM (que responde ao Estado) "no horário devido" e reafirmou sua confiança no secretario estadual de Segurança Pública, Fernando Grella.

Sobre a suposta demora da tropa para entrar em ação, o petista disse que a polícia "tem tido parcimônia para evitar que inocentes paguem pelos atos de pessoas despreparadas para a vida democrática."

Protestos se espalham pelo Brasil
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Perguntado sobre a infiltração de policiais entre os manifestantes, Haddad se esquivou: "Acho que tem de tudo ali".

O prefeito não informou se pedirá reforço no policiamento da cidade para o protesto deste quinta-feira (19). "A solução é diálogo permanente com o governo estadual".

Segundo Haddad, a relação com MPL (Movimento Passe Livre) é boa e que "grupos criminosos que não convivem bem com a democracia só querem destruir o debate saudável”. De acordo com o prefeito, “esses que depredam são criminosos”.

Haddad reafirmou que não há como reverter o aumento da tarifa sem desoneração de impostos federais. "Tem muita irresponsabilidade que nós devíamos afastar [do debate]. Não dá para tomar uma decisão populista sem justificativa."

Ontem, ele disse que o "reajuste de tarifas já foi feito com base nas desonerações do governo federal". "A tarifa em São Paulo já foi reajustada com a desoneração que seria possível. Se levássemos em conta a inflação, o valor ficaria em R$ 3,47", afirmou.

Problema nacional

Assim como fez o governador Geraldo Alckmin (PSDB), Haddad também afirmou que a motivação dos protestos é nacional, não municipal. "Eu devia estar hoje em Brasília [para uma reunião da Frente de Prefeitos] discutindo essa questão, que afeta todas as cidades", disse.

Segundo Haddad, seu encontro de ontem com a presidente Dilma, do qual também participou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estava marcado antes dos atos contra o reajuste. "Falamos disso, mas também do PAC e de investimentos em corredores de ônibus, que não são feitos desde a gestão Marta", disse.

O petista descartou a possibilidade de modificações no Bilhete Único Mensal por conta das manifestações. "Abrir mão de uma proposta de campanha que defendemos é criar uma contradição entre a rua e a urna. Não existe isso."

Internautas registram protestos motivados por aumento das tarifas do transporte; veja fotos
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Revogação do aumento

Na manhã de terça-feira, Haddad se comprometeu a examinar a planilha de custos de transporte do município para "refletir no que eu poderia cortar de serviços para viabilizar a redução da tarifa" e examinar os lucros dos empresários das concessionárias de ônibus para "cortar gordura".

Ele também ressaltou que o imposto sobre a gasolina direto da bomba seria uma solução. O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, propôs que o "usuário de transporte individual também arque com os custos do transporte coletivo, assim como a Prefeitura e os empresários." Para isso, defendeu a cobrança de um imposto sobre a gasolina direto da bomba, uma municipalização do Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), imposto federal já em vigor.

"Como cidadão, acho que quem deveria financiar o transporte público é o transporte individual. Além de melhorar a mobilidade, incentivando quem tem carro a usar o transporte público, já que a gasolina seria mais cara e as tarifas mais baratas, ainda existem os benefícios ecológicos do processo", disse Haddad sobre a proposta.

OS PROTESTOS EM IMAGENS (Clique na foto para ampliar)

  • Manifestante tenta invadir a sede da Prefeitura de São Paulo, na região central da cidade

  • Carro de TV Record é incendiado em frente à Prefeitura de São Paulo durante protestos

  • Manifestante corre ao lado de estabelecimento comercial em chamas no centro de São Paulo

  • PM espirra spray de pimenta em manifestante durante protesto no Rio