'Angústia de não ter notícia é grande': gaúchos buscam contato com famílias

Quedas de barreiras, deslizamentos, inundações, municípios inteiros sem comunicação, luz ou internet. O cenário catastrófico atinge 134 cidades do Rio Grande do Sul, segundo a Defesa Civil do estado. Moradores de outras regiões estão angustiados em busca de notícias de seus familiares —alguns não recebem informação nenhuma há três dias, desde segunda-feira.

O que aconteceu

A enfermeira Jéssica Delazari, que mora em Porto Alegre, tem familiares em Galópolis, bairro de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. "O trânsito está muito difícil. Eu e meu marido cogitamos ir até a cidade, mas desistimos por causa das quedas de barreiras ao longo do trajeto", diz.

É praticamente impossível chegar lá. Tive notícias da minha irmã ontem à tarde, depois não consegui mais contato. Tenho fé de que tudo esteja bem
Jéssica Delazari, de Porto Alegre, que tem família em Caxias do Sul (RS)

A região foi uma das mais afetadas pelas chuvas volumosas. A terra encharcada dificulta o trabalho das equipes de resgate, que nesta quinta-feira (2) atuaram em um deslizamento de terra e retiraram mais de 15 pessoas que estavam soterradas. Até o momento, 29 mortes estão confirmadas no estado todo por causa das chuvas.

O servidor público Sandro Santos da Rosa tem familiares que moram em Relvado, no Vale do Taquari. Desde as 10h de segunda-feira, está sem qualquer tipo de notícia. Em redes sociais, a prefeitura informou que há destruição em grande parte do interior e que a água chegou ao centro da cidade. Três pessoas estão desaparecidas no município de cerca de 2.000 habitantes. Vídeos postados em redes sociais mostram que a chuva levou embora ruas, pontes e casas e deixou desabrigados, em quantidade ainda não informada.

Meus sogros vivem no interior de Relvado. São apenas os dois, que trabalham com a produção de leite. É um vale, uma região montanhosa, sabemos apenas que estão isolados, por quedas de barreiras. Não temos notícia se houve algo na propriedade deles
Sandro Santos, cujos sogros vivem em Relvado (RS)

Há pedidos de envio de água e alimentos para a cidade. No entanto, os auxílios precisam ser por via aérea, devido à queda de barreiras e deslizamentos nas estradas de acesso.

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A vendedora Maria Venturini é de Encantado, no Vale do Taquari, e há 12 anos mora em Santa Catarina. Parte da sua família seguiu morando na região de origem. "Tenho mãe e tios lá. Preferiram seguir a vida simples e tranquila da cidade com cara de interior e onde tudo funciona", conta. Ela diz que nada se compara ao que o estado vive agora. "É uma tragédia, uma tristeza. Temos que levantar as mãos para o céu por termos a vida, nunca vi nada parecido. São muitas mortes, muitos desaparecidos, muita gente desabrigada", afirma.

Sem notícias dos parentes desde terça-feira, ela acompanha o que acontece no estado pela imprensa.

Sabemos da tragédia enfrentada pelos gaúchos, mas a angustia de não ter notícias é muito grande.
Maria Venturini, que tem família em Encantado (RS)

Segundo a prefeitura de Encantado, a cidade está completamente ilhada e toda ajuda deve chegar por aeronaves. O rio Taquari tem subido devagar, o que permite a remoção das famílias. Entre as principais necessidades, estão alimentos, água potável, voluntários e equipamentos de proteção.

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