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Com pauta única, ao menos 4.000 protestam contra 'cura gay' e fecham av. Paulista

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

22/06/2013 00h11

Dessa vez não apareceram cartazes contra a corrupção ou pelo impeachment de Dilma Rousseff. O Hino Nacional, cantado à exaustão nos últimos dias, também foi deixado de lado. Em manifestação realizada na noite desta sexta-feira (21) em São Paulo, a multiplicidade de pautas que tomou conta dos últimos protestos pelo país deu lugar a uma única reivindicação: a não aprovação da ‘cura gay’, nome dado ao projeto de lei aprovado na terça-feira (18) pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, presidida pelo pastor Marco Feliciano (PSC-SP).

O projeto de lei derruba resoluções do Conselho Federal de Psicologia que proíbem que profissionais participem de terapias para alterar a identidade sexual do paciente ou que tratam a homossexualidade como doença. A proposta precisa ser aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ser votada em plenário.

Segundo estimativa da Guarda Civil Metropolitana, cerca de 4.000 manifestantes participaram do protesto, que começou por volta de 18h na praça Franklin Roosevelt, passando pela rua da Consolação --que teve um sentido totalmente bloqueado-- até chegar à avenida Paulista, interditada nos dois sentidos. Às 22h ainda havia manifestantes ocupando faixas da avenida.

Os cartazes e as palavras de ordem dirigiam-se contra a “cura gay”, criticavam a homofobia e pediam a saída de Marco Feliciano da presidência da Comissão de Direitos Humanos. “Doutor, eu não me engano, quem é doente é o Feliciano”, “Até o papa renunciou, Feliciano sua hora já chegou”, diziam dois dos cânticos.

O pastor tornou-se alvo dos protestos desde que passou a liderar a comissão, em março deste ano. O protesto realizado hoje, entretanto, foi o primeiro em que Feliciano figurou como alvo principal depois que a onda de manifestações tomou conta do país. O ato foi organizado por entidades LGBT, partidos políticos, centrais sindicais e pelo Conselho Federal de Psicologia. Segundo a Polícia Militar, não houve atos de vandalismo ou qualquer tipo de ocorrência durante o protesto.

Ato médico

Antes do ato contra a “cura gay”, cerca de 1.000 manifestantes protestaram contra o projeto de lei apelidado de “ato médico”, aprovado na última terça (18) no Senado. Eles também se reuniram na praça Roosevelt e caminharam até a praça do Ciclista, na avenida Paulista, bloqueando a pista sentido bairro da rua da Consolação.

A proposta, que precisa ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff para entrar em vigor, torna o diagnóstico e a prescrição de medicamentos atividades exclusivas de médicos, além de exigir autorização médica para a aplicação de procedimentos de acupuntura e fisioterapia, entre outros.

"Com o ato médico, não se vai conseguir marcar consulta com nutricionistas, educadores físicos, fisioterapeutas etc. sem a autorização do médico. Essa proposta só serve para criar reserva de mercado [aos médicos]. É um monopólio. É um ato inconstitucional", afirmou o acupunturista Yoichi Takase, 37. O grupo exige o agendamento de uma reunião com a presidente.

Outros protestos

Também houve protestos na radial Leste, em Itaquera (ambos na zona leste), Ipiranga e na região do aeroporto de Congonhas (zona sul), nas avenidas Francisco Morato, Escola Politécnica (zona oeste), Guilherme Cotching e Edgar Facó (zona norte). Na Grande São Paulo, manifestantes fecharam as principais rodovias que ligam a região metropolitana ao restante do Estado, inclusive a via Dutra e a rodovia Hélio Smidt, impedindo o acesso ao aeroporto de Guarulhos.

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