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Peregrino de Moçambique troca um ano de salário por passagem e inscrição da Jornada

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

22/07/2013 12h51

Quando voltar à cidade de Maputo, capital de Moçambique, na África, na próxima semana, o professor Crispin Estevão, 24, passará a trabalhar de graça durante um ano. Ficar sem seu salário, no entanto, não faz parte de nenhuma promessa. Para participar da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, ele pediu ao chefe que pagasse a inscrição e a passagem de avião, e em troca trabalharia durante 12 meses para devolver o que foi gasto.

"Estudo Relações Internacionais de dia e dou aulas de educação visual à noite, na Paróquia São Joaquim. Vou ficar um ano sem receber, mas já está valendo a pena. Era um sonho vir para o Brasil", conta Estevão.

Segundo ele, a inscrição custou US$ 266 dólares (R$ 594,72) e a passagem 37 mil Metical, moeda local, o que equivale a R$ 2.760,20. Desde sábado (20), ele está hospedado na casa de uma família na Favela do Pavão-Pavãozinho, ocupada por uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), em Copacabana, zona sul da capital fluminense junto a outros jovens de Moçambique.

"Cada um de nós queria porque queria estar aqui no Rio de Janeiro. Nós temos uma ideia [de como é] a cidade. Não há uma novela em Moçambique que não apareça o Cristo Redentor", explica.

O diretor de comunicação da Jornada, padre Marcio Queiroz, disse que o Ministério do Turismo informou à organização do evento que de terça-feira (16) até domingo (21), 450 mil peregrinos haviam chegado ao Rio de Janeiro pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim. 

"Esta jornada tem um significado maior, pois é a primeira viagem, o primeiro evento que o papa Francisco participa. Embora ele esteja vindo participar concretamente de um evento em um país, ele está falando também para todo o mundo. A juventude é mundial", disse Queiroz.

Peregrinação

Para chegar ao Campus Fidei, em Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro, onde o papa Francisco se encontrará com cerca de 2 milhões de jovens do mundo inteiro, os peregrinos da Jornada terão de caminhar 13 km. É quase o mesmo que andar de Copacabana, na zona sul, até o começo da Barra de Tijuca, zona oeste, ou de Ipanema até São Cristóvão, na zona norte.

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Em comparação com a edição de 2011 do evento --que aconteceu em Madri, na Espanha--, os participantes terão que andar 4 km a mais. Para evitar o cansaço extremo, desidratação e outros problemas de saúde, os peregrinos precisam tomar alguns cuidados para fazer o percurso sem prejudicarem a saúde. As medidas valem principalmente para aqueles que não praticam exercícios físicos com regularidade.

O principal item para evitar dores na coluna e nas pernas é um bom tênis. Esse calçado, se confortável, também não trará bolhas, um dos maiores tormentos de quem caminha ou corre grandes distâncias, como explica Othon Luiz Brum, coordenador da câmara técnica de fisioterapia traumato-ortopédica do Cofito 2 (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional).