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Pesquisa aponta que 21% dos motociclistas acidentados pilotavam drogados em SP

Pequisa aponta que mais de 20% dos motociclistas envolvidos em acidentes em SP utizaram drogas ou álcool - Fabio Martins/Futura Press
Pequisa aponta que mais de 20% dos motociclistas envolvidos em acidentes em SP utizaram drogas ou álcool Imagem: Fabio Martins/Futura Press

Marivaldo Carvalho

Do UOL, em São Paulo

15/08/2013 14h51

Pesquisa feita pelo Instituto de Ortopedia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), divulgada nesta quinta-feira (15), apontou que 21,3% dos motociclistas que trafegam na cidade de São Paulo dirigem sobre o efeito de drogas e álcool, ou seja um em cada cinco motociclistas dirige sob efeito de droga.

O estudo foi feito com 326 vítimas que se envolveram em acidente de trânsito entre os dias 19 de fevereiro e 12 de maio deste ano. A maioria era homem (92%), com uma idade média de 29,7 anos, ensino médio completo ou incompleto (58%) e renda de até três salários mínimos (62%). Apenas 23% das vítimas usavam a moto para o trabalho, contra 77% que a usavam como transporte.

Para a coordenadora da pesquisa, Júlia Maria D'Andréa Greve, o fator humano, o comportamento, a falta de habilitação e a falta de percepção de risco contribuíram para os acidentes.

"O fator humano é uma coisa que já se esperava de uma certa forma. Percebo que não é só o motociclista, é o comportamento no trânsito de uma forma geral. O motorista considera que aquele indivíduo que está do seu lado é um bandido que vai quebrar o seu retrovisor, e não uma pessoa que está em cima de uma moto e que está com pressa, estressada e que vai trabalhar como todo mundo", afirma.

Ela diz que o que causou espanto no estudo foi o número de motociclistas dirigindo sob efeito de drogas.

"A questão do uso de álcool e de drogas assustou bastante. É um número muito alto. Além disso, houve a imprudência e o excesso de velocidade. É como não perceber que, quando você vai dirigir uma motocicleta, está em um ambiente hostil", diz.

Para ela, o motociclista vive uma situação epidêmica. "A gente tem um grande número de vítimas graves, que permanecem com sequelas. Há mais motociclista morrendo do que pedestre no Brasil", diz a doutora.

O diretor-presidente do Detran de São Paulo, Daniel Annenberg, disse que, para melhorar a vida do motoboy, o Detran incentiva o curso de direção segura, com um total de 40 mil vagas.

"Vamos fazer fiscalização em breve. Criamos uma escola pública de trânsito com vários cursos para formarmos melhor os motofretistas, os motociclistas. Mudamos as provas teóricas e práticas para que haja provas mais rigorosas e para que possamos ter bons condutores nas ruas. Vamos criar o observatório de trânsito, que é um gráfico com informações com as mortes no trânsito", afirmou.

Ele diz que o Detran faz a operação segura, que tem diminuído os acidentes nas vias, além de fazer uma parceria para melhorar os exames médicos e as autoescolas.

"Acreditamos na educação para o trânsito e na fiscalização para reduzirmos esse número de mortes", afirma Daniel.     

O diretor-executivo da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), José Eduardo Gonçalves, disse que vai propor sugestões para diminuir o número de acidentes envolvendo motociclistas e motofretistas.

"Não temos uma solução pronta, uma mágica tirada da cartola, isso ninguém tem. Precisamos envolver todos numa discussão séria e objetiva. É preciso pilotar uma motocicleta com segurança, assim como se dirige com segurança um automóvel. Não temos vilões nesse processo. O que precisamos é não fazer uma caça às bruxas. Precisamos de um debate com os pés no chão."

Tour na delegacia

Para o inspetor da Polícia Rodoviária Federal Marcio José Pontes, o trabalho está sendo feito, mas os motoristas não estão deixando de dirigir embriagados. A fiscalização existe, mas tem que ter a motivação que seria a punição exista e essa pessoa não seja punida.

"A pessoa embriagada que causa um acidente praticou um crime. Quando a gente chega com um motorista embriagado no DP (Distrito Policial), somos 'convidados' a fazer um tour com esse embriagado. Levá-lo em vários pontos da delegacia para comprovar a embriaguez. Aí, ele se nega a fazer o exame de sangue e tem de ser feito um boletim de averiguação de embriaguez, mesmo com teste do etilômetro (bafômetro) constatando que ele está embrigado. Isso desmotiva o policial."          

Segundo ele, apenas neste ano foram feitos 850 mil testes de bafômetro pelas rodovias federais espalhadas pelo país. Destes 6.700 motoristas foram presos por dirigem embriagados ou sob uso de entorpecentes.