Topo

Valor de mercado de vigas roubadas no Rio pode chegar a R$ 1,44 milhão

Giuliander Carpes

Do UOL, no Rio

10/10/2013 15h24

O valor de mercado das seis vigas que desapareceram do depósito da Concessionária Porto Novo, no Rio de Janeiro, podem chegar a cerca de R$ 1,44 milhão. A estimativa é presidente do Senge-VR (Sindicato dos Engenheiros de Volta Redonda), João Thomaz Araújo.

Araújo afirma que, antes do desaparecimento das vigas, a entidade procurou o Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) e a prefeitura para alertar sobre o descaso com o material de primeira linha que estava sendo desperdiçado.

“Nós desenvolvemos a tecnologia daquele material. Aquelas vigas foram usadas por 40 anos e ainda têm pelo menos mais três séculos de vida útil. Não tem questão de depreciação. Neste tempo de uso, o metal corroeu menos de 1 milímetro. Cada tonelada do material destas vigas custa R$ 12 mil aqui no polo siderúrgico de Volta Redonda. Se cada uma tinha 20 toneladas, custava R$ 240 mil reais. É um grande prejuízo”, calculou o engenheiro.

As vigas, cada uma com 40 metros de comprimento, são feitas com uma combinação especial de metais (aço, nióbio e cromo) chamada de aço corten. São altamente resistentes à corrosão e projetadas para terem uma duração de até 400 anos. O elevado da Perimetral, construído na década de 1970, tinha no total 1.008 destas vigas - 18 foram retiradas, 12 reutilizadas e estas seis acabaram se perdendo. 

Num primeiro momento, o prefeito Eduardo Paes disse que exigiria uma compensação da Concessionária Porto Novo pelo desaparecimento do material no valor de apenas R$ 150 mil.

O Senge-VR alerta para o “crime” de deixar o aço corten ser depreciado a este ponto.

“Se deixar estas vigas caírem no mercado de sucata, vão ser vendidas por R$ 0,90. É um prejuízo de R$ 220 mil por viga. É caso para levar para o Ministério Público”, afirmou Araújo.

Segundo o engenheiro, as vigas poderiam ser utilizadas na expansão do Elevado do Joá, que liga o bairro de São Conrado, na zona sul, à Barra da Tijuca. A obra, que ainda nem foi iniciada, é uma das exigências do (COI) Comitê Olímpico Internacional para a realização da Olimpíada de 2016 na cidade.

“Tudo o que a gente olhar para cima pode ser feito com o uso destas vigas. Elas são filé mignon com preço de segunda. O pessoal está deixando se depreciar um material de primeira linha. Por sua alta resistência à corrosão, é o material perfeito para ser utilizado em obras nas proximidades do mar como as que estão realizando aqui no Rio de Janeiro".

A Cdurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro) encaminhou ofício, na noite de quarta-feira, para a chefia de polícia do estado. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Roubos e Furtos, que já pediu imagens das câmeras do Centro de Operações da Prefeitura para tentar identificar os autores do roubo e como ele foi efetuado.