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Defesa quer anular depoimento de jovem baleado por PM

Do Estadão Conteúdo, em São Paulo

31/01/2014 07h41

São Paulo - O defensor público Carlos Weis, advogado do estoquista Fabrício Chaves, de 22 anos, baleado por policiais militares durante o protesto "Não vai ter Copa" no sábado passado, protocolou ontem no 4º Distrito Policial (Consolação) o pedido de anulação do depoimento colhido pela Polícia Civil na terça-feira no hospital. Weis alega não ter sido avisado pelos policiais sobre o relato e que o estoquista não tinha condições de saúde para prestar esclarecimentos.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), até as 20h de ontem, o delegado do 4.º DP ainda não tinha recebido o pedido da defesa, mas disse que Chaves "tem o direito de retificar o depoimento".

O defensor diz que só teve acesso ao relato porque foi avisado pelo irmão da vítima. "A polícia basicamente invadiu a UTI, nem sequer tomou as medidas de higiene necessárias, e tomou o depoimento sem avisar a defesa e a família de Fabrício", disse. Weis pediu o agendamento de um novo depoimento quando Chaves estiver melhor de saúde.O irmão do estoquista, Gabriel Chaves, disse que o rapaz tinha tomado morfina quando foi ouvido. "Como ele ia conseguir falar direito?"

A secretaria, em nota, disse que Chaves foi ouvido de maneira correta. "A polícia cumpriu o ritual legal sem qualquer prejuízo à saúde e à segurança de Chaves. Não houve qualquer restrição médica para colher o depoimento. O estoquista estava lúcido e se manifestou de forma espontânea, acompanhado do irmão e da prima."

A Santa Casa disse, em nota, que, da parte médica não havia qualquer empecilho para o relato. "Fabrício estava sem sedação havia mais de 28 horas, estava respirando espontaneamente e não estava recebendo qualquer medicação de suporte circulatório ou que pudesse comprometer seu raciocínio."

Saúde

Na tarde de ontem, Chaves deixou a UTI e agora está internado na enfermaria. Segundo a Santa Casa, ainda não há previsão de alta. Desde sábado passado, o estoquista estava internado na unidade após ter sido baleado em uma perseguição policial, durante ato contra a Copa.

Na versão da polícia, agentes teriam disparado em legítima defesa após Chaves ter ameaçado um dos PMs com um estilete. Entretanto, em depoimento colhido no hospital, Chaves afirmou que só sacou o estilete após ter sido atingido por um tiro. O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, afirmou ontem que a informação fornecida pelo estoquista será apurada. "Vai ser levada em consideração no inquérito. Essa e outras provas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.