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'Pensava em salvar minha família' diz pedreiro que ficou soterrado SE

Prédio que desabou em Aracaju; uma criança morreu durante o desabamento - André Morais
Prédio que desabou em Aracaju; uma criança morreu durante o desabamento Imagem: André Morais

Paulo Rolemberg

Do UOL, em Aracaju

21/07/2014 21h01

O servente de pedreiro, Josivaldo da Silva, 24, a mulher dele, Vanice de Jesus, 31, a filha dela, Ane Gabriele de Jesus, 8, sobreviventes do desabamento de um prédio ocorrido na madrugada do último sábado (19), no bairro Coroa do Meio, zona sul da capital sergipana, receberam no Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), a visita de oito integrantes do Corpo de Bombeiros que participaram do resgate que durou cerca de 34 horas.

Josivaldo relatou os momentos de agonia que ele, a mulher e os dois filhos passaram embaixo dos escombros. O filho do casal, ítalo Miguel, de 11 meses, morreu momentos depois de ser resgatado. Ela foi a única vitima do desabamento.

“Imaginava como sair do local. Me arrastei. Momentos depois não aguentei mais e acabei adormecendo. Pensava em salvar minha família, pensava em Deus e em minha mãe, que há um ano não via”, disse Josilvado, ao lembrar que o filho de 11 meses. 

Segundo o servente de pedreiro, eles ficaram a todo tempo deitado já que uma laje que desabou ficou a cerca de dez centímetros dele. Tanto que o nariz de Josivaldo ficou arranhado devido aos movimentos com a cabeça.

Vanice relatou que para amenizar a sede deles, utilizou a humidade dos escombros. “Estava com muita sede. Passei as mãos nas paredes para molhar os lábios”, disse com os olhos marejados. “Estava tudo escuro, apertado”, lembrou.

Pai e mãe lamentaram a morte do filho de 11 meses. “Fiquei perto do bebê o tempo todo. Mas não pude fazer nada”, disse Vanice. “Ele está nesse momento ao lado de Deus”, afirmou o pai. 

Momentos do desabamento

Josivaldo contou à imprensa que por volta das 20 horas da sexta-feira (18), ao retornar de um lanche com a família, percebeu que parte do reboco de um das paredes havia caído.

“Fui olhar e achei que não tinha nada demais. Falei para minha mulher que era melhor a gente ir dormir. Pouco tempo depois, aconteceu o desabamento”, lembrou o servente de pedreiro.

Segundo o coronel Reginaldo Dórea, comandante do Corpo de Bombeiros de Sergipe, esse  tipo de estrutura quando colapsa geralmente todas as lajes não caem no mesmo sentido, mas em sentidos contrários.

“Isso possibilita a criação de bolsões de ar, que a gente chama de célula de sobrevivência, possibilitou as vitimas conseguirem se manterem vivas por um período tão longo”, disse.

“Convém salientar é que as vítimas estavam deitadas o que possibilitou ainda mais, na nossa opinião, que permanecessem vivas, porque estando deitada numa cama, as quatro, as lajes foram caindo e esbarrou em alguma coisa que impediu que ocorresse o achatamento das vítimas. Por estarem deitadas a possibilidade de sobrevivência foi maior, se tivesse andando ou agachada certamente aconteceria uma catástrofe maior”, afirmou.