Topo

Empresário de Araçatuba é acusado de torturar enteada de três anos

Cristina Camargo

Do UOL, em Bauru (SP)

29/09/2014 22h15

A Polícia Civil de Araçatuba (SP) prendeu no final de semana um empresário do setor de móveis planejados acusado de submeter a enteada de três anos a sessões de tortura física e psicológica. 

Maurício Moraes Scaranello, 35 anos, foi preso em casa, num condomínio de luxo da cidade. A criança foi encontrada na mesma casa, sozinha num quarto, acordada e sem nenhum brinquedo ou televisão ligada. A mãe estava na cozinha.

A menina tinha marcas de queimaduras no corpo, inclusive nas partes íntimas.

Fotos dos ferimentos no corpo da criança foram feitas e divulgadas pelo próprio Maurício, segundo informações da polícia.

Além disso, os policiais encontraram dezenas de vídeos e fotos no celular e no notebook do empresário. Dois vídeos são usados como prova das sessões de tortura.

Em um deles, a criança é impedida de dormir, apesar de chorar de sono. Um homem que supostamente é o próprio Maurício não deixa a menina deitar e chega a dar um susto quando ela ameaça fechar os olhos.

Em outro vídeo, o mesmo homem induz a criança a comer uma cebola.

“É gostosa a maçã? Morde pra mostrar pra mamãe. É ruim? Não gostou? É cebola. Dá mais uma mordidinha”, ele diz na gravação.

Advogado de acusado diz que vídeos são "brincadeira infeliz, e não tortura"

O advogado do empresário, William Paula de Souza, admite que os vídeos são mesmo de seu cliente, mas afirma que tudo não passou de uma brincadeira infeliz e não tortura.

“Hoje em dia tudo é gravado, tudo é fotografado. É a mania das pessoas hoje”, disse em entrevista ao UOL.  “É uma brincadeira infeliz, mas tortura, jamais”.

Maurício está preso em Penápolis, cidade na região de Araçatuba. O advogado pediu o relaxamento da ordem de prisão preventiva dada pela Justiça, que também autorizou os policiais civis a fazerem a busca na casa localizado no condomínio de luxo. Para o advogado, o empresário não praticou crime nenhum e a prisão é arbitrária. 

Outras dezenas de vídeos e fotos apreendidas pela polícia vão passar por perícia.  O conteúdo das imagens não foi divulgado.

Defesa diz que fotos com queimaduras mostram "acidente doméstico"

O próprio advogado, no entanto, afirma que há fotos da criança sem roupa e com as queimaduras provocadas pela cola nas partes íntimas. Ele, no entanto, explica que essas fotos foram feitas porque hoje em dia tudo é registrado.

De acordo com o responsável pela defesa, a criança foi vítima de um acidente doméstico no dia 19 de setembro. A própria menina teria aberto o tubo de cola e derrubado no corpo. Em seguida, teria sido socorrida pelos responsáveis e levada ao hospital.

Mãe da criança também é investigada pela polícia

A mãe da criança tem 21 anos e também é investigada pela polícia. Ela vive com o empresário acusado de tortura há um ano e meio.

A menina completou três anos no domingo e, segundo a defesa de Maurício, uma festa havia sido preparada no condomínio.

“A festa precisou ser cancelada. Quem prepara uma festa para a criança não maltrata”, alega William. “A criança está com a mãe e toda hora pergunta: cadê o papai?”

A polícia, no entanto, tem outra versão. Segundo um delegado que participou da operação de busca e prisão, a vítima estava tão desesperada que pediu colo para os policiais que entraram no quarto onde ela estava fechada.

Os policiais civis chegaram ao condomínio após serem informados que a criança havia sido colada no chão pelo padrasto.

Por enquanto, a menina continua sob a responsabilidade da mãe.