Topo

Zona oeste lidera áreas críticas de enchentes em SP; veja mapa

Larissa Leiros Baroni*

Do UOL, em São Paulo

22/12/2014 06h00

A zona oeste lidera o ranking de pontos de alagamentos na cidade de São Paulo, segundo levantamento do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências). Ao todo, oito das 28 áreas consideradas críticas estão concentradas na região. Os dados foram compilados no período de dezembro de 2013 a abril de 2014.

Com relação ao período anterior (dezembro 2012 a abril 2013), houve uma queda no total de pontos na mesma região e também na soma de toda a cidade --antes eram 24 na oeste dos 68 locais listados por toda a capital. A queda no geral dos pontos de alagamento foi de 58% de um período a outro.

A zona sul ocupa o segundo lugar no levantamento feito entre 2013 e 2014, com seis pontos de alagamentos, seguida da leste, que tem cinco locais considerados críticos. As zonas norte, sudeste e o centro têm três áreas consideradas vulneráveis em épocas de chuva. 

Rotas de Alagamentos em São Paulo

Veja o infográfico

Na comparação com as ocorrências das chuvas de verão 2012-2013, a zona leste (12/69 pontos de alagamentos) se manteve na segunda colocação, assim como o centro (11/68), em terceiro lugar, e a zona norte (6/68), em último. As regiões sudeste (8/68) e sul (7/68) apresentaram uma queda no ranking, já que no ano anterior apareciam em quarto e quinto lugar, consecutivamente.

O CGE informou, por meio de assessoria de imprensa, que há uma tendência de redução no total de áreas de alagamento e relaciona essa tendência de queda às obras na área de drenagem na cidade de São Paulo.

Apesar de o início das chuvas de verão de 2013-2014 coincidir com o período de seca que assola a capital paulista, nos 15 primeiros dias de dezembro, o CGE registrou em quatro dias de chuvas 79 pontos de alagamentos na cidade.

A maior parte deles na zona sul, sendo 13 na região de Santo Amaro, três em Campo Limpo, três em M'boi Mirim e outros dois em Cidade Dutra/Socorro.

A zona oeste registrou 13 pontos, contra 11 da zona leste. A zona sudeste teve dois alagamentos na Vila Mariana. Não quer dizer, porém, que essas áreas integrarão o levantamento do verão 2013-2014, que será concluído em abril do ano que vem.

O mapa das regiões mais vulneráveis considera apenas as áreas em que as ocorrências de cheias sejam recorrentes.

Problemas de micro e macrodrenagem

"Os alagamentos na cidade são ocasionados por problemas de microdrenagem --que estão relacionados ao entupimento de bueiros-- ou por questões de macrodrenagem, com a subcapacidade de córregos e rios", disse Aluisio Canholi, autor do livro "Drenagem Urbana e Controle de Enchentes", publicado pela Oficina de Textos.

Considerando os alagamentos provocados por problemas de microdenagem, segundo o especialista, os pontos mais críticos da cidade são os centros comercias.

"Muitos comerciantes colocam seus lixos na rua no final da tarde, horário mais propício para as chuvas de verão. Isso é mais frequente em ruas próximas à 25 de Março, ou mercado da Lapa", disse ele, que afirmou que a solução nesses casos está na limpeza dos bueiros e das vazões de água. 

Já nas áreas em que há a subcapacidade dos córregos, como afirmou Canholi, os pontos de alagamentos são mais recorrentes e exigem o investimento em obras de grande porte. 

"Basta chover acima de 40mm dentro de uma hora que esses córregos entram em colapso", disse o especialista, que apontou três córregos considerados os mais vulneráveis na capital paulista: Água Preta [zona oeste], Mooca [zona leste] e Ipiranga [zona sudeste]. "O córrego do Anhangabau também deve ser acrescentado nas áreas prioritárias, porque basta uma chuva de 30 mm para interromper o tráfego no túnel que leva o mesmo nome."

Canholi, no entanto, se diz otimista com o desenvolvimento da cidade e relata os avanços em áreas tradicionalmente conhecidas por históricos casos de alagamento. "Obras realizadas tanto pelo governo do Estado como pela Prefeitura diminuíram as ocorrências de enchentes na marginal do Tiete, avenida Aricanduva, avenida Inajar de Souza, avenida Pacaembu, avenida Elizeu de Almeida e avenida Roberto Marinho", disse ele.

Mas, de acordo com Margareth Matiko Uemura, coordenadora de urbanismo do Pólis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais, a Prefeitura de São Paulo precisa investir em ações preventivas, além das ações corretivas.

"Investir na manutenção da limpeza publica, com a coleta de lixo e a limpeza da drenagem regular, bem como na educação da população --para que não joguem lixo na rua-- e  em equipamentos urbanos adequados para que as pessoas possam jogar lixo no lugar certo", afirmou ela.

Obras antienchente

Menos da metade das obras antienchente anunciadas como emergenciais pelo prefeito Fernando Haddad (PT), em março de 2013, foram entregues um ano e oito meses após a promessa de início de mandato. Segundo apurado pela Folha de S.Paulo, das 79 obras do pacote, só 27 (34%) foram finalizadas. Outros 14 projetos (18%) foram excluídos por "inviabilidade técnica". 

A Prefeitura de São Paulo informa, no entanto, que estão em andamento mais 26 obras do chamado Programa de Redução de Alagamentos. A previsão é que 16 delas sejam entregues até o final deste ano e 10 têm previsão de término até março de 2014. Outras nove obras deverão ter início até fevereiro de 2015.

E mesmo sem a conclusão desse programa, o município anunciou na primeira quinzena de novembro, um novo plano de ações para as chuvas deste verão, que inclui obras de drenagem para conter os históricos alagamentos nas regiões dos córregos Sumaré/Água Preta (zona oeste), Ponte Baixa e Cordeiro (zona sul), que devem custar em torno de R$ 1,2 bilhão.

No córrego Cordeiro, segundo a Prefeitura, as obras começaram em julho de 2013 e deverão contribuir para o fim das enchentes ao longo das avenidas Roque Petroni Júnior, Professor Vicente Rao, Vereador João de Luca e Cupecê. A primeira fase da obra da bacia do Cordeiro abrange a canalização de 400 metros do córrego, além da construção dos três primeiros reservatórios - dois deles já iniciados. A previsão é que as três obras sejam entregues até o final de 2015.

"Como as obras devem ficar prontas só no ano que vem, essas áreas consideradas críticas para alagamentos não conseguiram se livrar dos efeitos das chuvas de verão de 2013/2014", avaliou Canholi.  (*Com colaboração de Wellington Ramalhoso