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MPF investiga doação da Guiné Equatorial ao desfile da Beija-Flor

Do UOL, no Rio

20/02/2015 18h44

O MPF (Ministério Público Federal) no Rio de Janeiro investiga uma suposta doação ilegal de R$ 10 milhões que teria sido feita pelo ditador da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, à escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, campeã do carnaval do Rio de Janeiro em 2015. Teodoro Nguema Obiang Mangue, filho do presidente, também é alvo de investigação.

O processo, segundo o MPF, foi instaurado ainda em setembro de 2013, e apura se houve crime de lavagem de dinheiro por parte do ditador. “A suposta doação destinada a Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis será analisada no contexto do referido procedimento”, informou o MPF em nota.

O tema do financiamento do desfile da escola, que teve a Guiné Equatorial como enredo, ganhou destaque nesta terça (17) após publicação de uma reportagem do jornal "O Globo" afirmando que a Beija-Flor teria recebido R$10 milhões de patrocínio do país africano.

Segundo um dos carnavalescos da escola, Fran-Sérgio Oliveira, o desfile foi financiado por empresas brasileiras de construção civil. Duas dessas empreiteiras têm negócios no país africano.

A versão foi confirmada em nota pelo Departamento de Informação e Imprensa do governo da Guiné Equatorial que afirma que a iniciativa não partiu do governo, mas de “empresas brasileiras que operam na Guiné Equatorial, conjuntamente com a escola Beija-Flor".

Fran-Sérgio mencionou as empreiteiras Odebrecht, Queiroz Galvão e o Grupo ARG. As duas últimas atuam no país africano. Na nota, o governo não cita nomes.

A Guiné Equatorial vive uma ditadura comandada há 35 anos por Teodoro Obiang. A ONG Anistia Internacional acusa o governante de violação dos direitos humanos, que iriam desde execuções extrajudiciais e tortura a prisões arbitrárias e repressão violenta a protestos.

O governante é um dos líderes mais ricos do continente e tem imóveis em diversos países, inclusive no Brasil.

Na escola, apenas o embaixador da Guiné Equatorial no Brasil, Benigno-Pedro Tang, desfilou. Ele saiu no último carro alegórico. O vice-presidente do país e outras autoridades assistiram ao desfile de um camarote próprio.