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Com 150 mil atingidos, Rio Branco decreta calamidade e suspende aulas

Vista aérea do bairro Habitasa, em Rio Branco - Pedro Devani/Secom/EFE
Vista aérea do bairro Habitasa, em Rio Branco Imagem: Pedro Devani/Secom/EFE

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

01/03/2015 21h17

Com o aumento do volume do rio Acre, a prefeitura de Rio Branco decidiu decretar estado de calamidade pública neste domingo (1º). A medida é um pedido de socorro às autoridades do Estado e da União para enfrentar os graves problemas causados por uma das maiores enchentes já registradas na cidade. As aulas estão suspensas até que a situação se normalize.

Segundo medição feita às 9h deste domingo, o nível do rio Acre atingiu 17,44 metros --superando em 3,44 metros a cota de transbordamento. Quando a prefeitura decretou situação de emergência, no último dia 23, o nível do rio estava em 15,53 metros, já acima da cota.

A prefeitura informou que 14.316 residências foram atingidas pelas águas, afetando diretamente 50.106 famílias em pelo menos 22 bairros --o que soma mais de 150 mil pessoas afetadas. Até o momento, 5.162 pessoas estão divididas em quatro abrigos montados pela prefeitura e governo do Estado. Um quinto abrigo deve ser aberto em breve para receber novos moradores.

Segundo balanço da prefeitura, quatro unidades de saúde e 15 escolas da rede pública municipal também foram atingidas pelas águas do rio Acre.

Os transtornos na capital acriana também afetam o trânsito de carros e pedestres. Após avaliação da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, a ponte Juscelino Kubitschek --conhecida também como ponte metálica-- foi interditada no fim da tarde deste domingo. Já na sexta-feira (27), algumas ruas do entorno haviam sido fechadas.

Neste domingo, o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre (PT), e o governador Tião Viana (PT) realizaram uma vistoria em áreas afetadas pelas chuvas e nas instalações dos abrigos do Parque de Exposições --onde está montado o maior abrigo público para atender às famílias atingidas pela cheia do rio Acre. Na sexta-feira, o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi visitou o Estado. 

Sem aulas

Com a cheia, o governo do Estado também anunciou, neste domingo, que o ano letivo será suspenso a partir dessa segunda-feira (2). Segundo a Secretaria de Educação do Acre, a medida é para que alunos desabrigados não sejam prejudicados. Há prédios da rede estadual que foram afetados pela enchente.

“Como não temos como medir quantos estudantes tiveram que ir para os abrigos, decidimos suspender as aulas para que ninguém seja prejudicado. Além disso, algumas escolas também estão sem energia”, explicou o secretário Marco Brandão.

A previsão inicial é que as aulas sejam retomadas no dia nove, mas a confirmação ainda depende da baixa do nível do rio esta semana.

Interior

No interior, a água do rio já baixou, mas ainda há uma série de problemas. Em Brasileia e Epitaciolândia, foram criados planos detalhados de reposta à cheia do rio com apoio da Secretaria de Defesa Civil Nacional. Ao todo, 17 mil kits --entre cestas básicas, materiais de higiene pessoal e limpeza, água potável, kits dormitórios, fraldas geriátricas e infantis-- estão sendo distribuídos à população nos dois municípios. O material é suficiente para abastecer a população por pelo menos 30 dias.

Com o rio mais baixo, cerca de 60 homens do governo acriano estão retirando os entulhos deixados pela água em Brasileia. Neste domingo, a energia começou a retornar ao município, após quase uma semana. Até essa segunda-feira, a Eletrobras se prontificou a restabelecer a eletricidade em toda cidade.

No município, 27 imóveis comerciais foram totalmente comprometidos e devem ser demolidos nos próximos dias.

Segundo o governo do Acre, um diagnóstico técnico completo da situação das cidades será concluído em uma semana e então enviado à Presidência da República, pedindo recursos para a reconstrução.