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Polícia de Mairinque prende mais dois falsos médicos que atuam no interior

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Ribeirão Preto

16/07/2015 19h45

A Polícia Civil de Mairinque prendeu nesta quinta-feira (16) um homem e uma mulher que atuavam como médicos, de forma irregular e sem registro profissional, há pelo menos três meses em prontos-socorros e hospitais nas cidades de Alumínio, São Roque e Mairinque (oeste de São Paulo).

Os dois foram presos em um hotel na Avenida Paulista, em São Paulo, enquanto preparavam fuga. Além deles, uma outra falsa médica também foi identificada e teve a prisão preventiva decretada, mas permanece foragida.

Os três falsos médicos eram profissionais contratados por uma empresa terceirizada, a Innova. A empresa, particular, tem contratos com as prefeituras das cidades e fornece profissionais para a rede municipal da Saúde nas três cidades.

A prisão realizada nesta quinta (15) é um desdobramento da investigação que começou no sábado (11) e teve sua primeira ação efetiva na segunda (13), quando uma falsa médica --também contratada pela Innova e que atuava nas mesma cidades do interior paulista--, conseguiu escapar do flagrante policial e encontra-se foragida.

Segundo a delegada Simona Scarpa Anzuíno, que investiga o caso, os três identificados utilizavam o nome e o registro profissional de médicos de verdade para clinicar. "Todos serão processados por falsificação de documento e falsidade ideológica, além de exercício irregular da medicina. Juntas, as penas chegam a 12 anos de prisão", disse.

A Polícia Civil informou ainda que, após prestar depoimento, a mulher presa foi encaminhada para a cadeia feminina de Votorantim e o homem foi levado para o Centro de Detenção Provisória de Sorocaba. A reportagem tentou localizar advogados dos presos, mas a Polícia Civil não informou se eles haviam constituído representante até o fechamento da matéria.

Delegada diz que "o esquema pode ser bem maior"

Simona informou ainda que acredita que outros profissionais possam estar envolvidos no esquema. "O esquema pode ser bem maior. Identificamos essas três pessoas, mas ainda temos outros suspeitos e uma série de documentos para analisar e pessoas para ouvir", disse.

Segundo a delegada, os três envolvidos se conheciam. "Eles se conheciam, tanto que estavam fugindo juntos. E os dois também conheciam a outra falsa médica. Vamos ver se eles conheciam mais alguém em situação similar", conta.

A delegada informou ainda que os contratos da Innova com as prefeituras, bem como a documentação dos médicos contratados pela empresa, serão analisadas pela Polícia Civil. "Os três profissionais são contratados pela mesma empresa. Iremos verificar os contratos e os documentos da empresa e verificar se eles têm algum problema", disse ela.

Simona afirmou, entretanto, que, embora a Innova esteja colaborado com as investigações, ela ainda não decidiu se os representantes da empresa serão ouvidos como testemunhas ou acusados no processo. "Ainda não tomei a decisão, e só o farei depois de analisar cuidadosamente os documentos que tenho em mãos", disse.

A Innova foi procurada pela reportagem, tanto por telefone quando por e-mail, mas ninguém atendeu às chamadas ou respondeu ao correio eletrônico até o fechamento da matéria.

Falsa médica que escapou de prisão já foi identificada, mas continua foragida

A Polícia Civil chegou aos dois falsos médicos presos depois que a Prefeitura de Alumínio registrou um boletim de ocorrência após uma falsa médica ter deixado, no último sábado, um plantão no meio e sem prestar explicações. Ela utilizava o nome e o registro profissional da médica Cibele Lemos.

A administração municipal levantou a ficha dela para cobrar explicações e, ao comparar a foto do crachá dela com a foto da verdadeira Cibele Lemos, que é médica e tinha registro com foto no sistema do CRM (Conselho Regional de Medicina), viu que se tratavam de pessoas diferentes.

A falsa médica cobria folgas e ausências de colegas e recebia, em média R$ 800 por cada plantão de 12 horas que realizava.

Na segunda-feira, a falsa médica foi questionada pela prefeitura, mas disse que tinha documentos que poderiam provar a identidade e a habilitação dela como médica. Acompanhada de um servidor público, ela foi até o hotel onde ela estava hospedada, em Mairinque, mas fugiu assim que o servidor fazia uma manobra para estacional.

Ela permanece foragida, mas já foi identificada.