Topo

Transporte coletivo do Rio é mais barulhento do que o de SP, diz estudo

A média de ruído do transporte coletivo do Rio de Janeiro foi calculada em 80,4 decibéis - Ale Silva/Futura Press
A média de ruído do transporte coletivo do Rio de Janeiro foi calculada em 80,4 decibéis Imagem: Ale Silva/Futura Press

Do UOL, no Rio

31/08/2015 19h23Atualizada em 01/09/2015 15h17

A média de ruído do transporte coletivo do Rio de Janeiro foi calculada em 80,4 decibéis, e a de São Paulo em 76,7 decibéis, segundo estudo divulgado nesta segunda-feira (31) pela Proteste Associação de Consumidores e pela SBO (Sociedade Brasileira de Otologia).

As duas cidades estão muito próximas do limite negativo de 85 decibéis. Os pesquisadores afirmam que a média de ruído superior a esse número oferece risco real à saúde auditiva.

Na avaliação individual, a linha 696 (Praia do Dendê-Méier), que circula pela zona norte da capital fluminense, foi o indicador que apresentou o pior resultado entre as linhas de ônibus: 86,3 decibéis.

"O fato de os ônibus não registrarem ruídos com potencial para provocar perdas auditivas, não deve tranquilizar as autoridades. Acima de 55 decibéis, as pessoas se sentem desconfortáveis, pois o barulho pode causar irritação, fadiga, queda na produtividade, estresse e até problemas cardíacos", afirmou o médico e presidente da SBO, Paulo Roberto Lazzarini.

O estudo inclui o barulho produzido pelos sistemas metroviário e ferroviário. Foram testadas linhas de metrô nas duas cidades, e o Rio teve média 80,5 decibéis. São Paulo, por sua vez, registrou 77,2.

Em relação aos trens, a média carioca foi de 79,3 decibéis, e a paulistana foi de 72,9 decibéis. Nenhuma linha superou os 85 decibéis que delimitam o risco de doenças auditivas.

O pior resultado de todo o teste foi verificado na barca que faz a travessia do Rio para Niterói, na linha Cocotá-Ilha do Governador. Como a porta da sala de máquinas estava aberta, o som atingiu 93,4 decibéis. A média das barcas foi 83,4 decibéis.

No teleférico do Alemão, em Bonsucesso, o som não passou de 68,1 decibéis. E as vans cariocas foram bem menos barulhentas do que os ônibus: 77,2 decibéis.

Outro lado

A reportagem procurou as companhias de transporte público do Rio de Janeiro e de São Paulo, mas até a publicação desta notícia, apenas MetrôRio, Supervia, SPTrans e Secretaria Municipal de Transportes do Rio responderam. Diz o MetrôRio: "O nível de ruído do metrô do Rio de Janeiro está dentro dos padrões internacionais e abaixo do limite que ofereça risco de doenças auditivas, conforme atesta a pesquisa". 

Em nota, o SPTrans afirmou que realiza as inspeções de ruídos nos ônibus de acordo com a resolução 418/09 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), a instrução normativa 127/06 do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e as normas técnicas 9714/00, 9079/85 (que avaliam ruídos internos e externos) e 15570/09 (especificações técnicas para fabricação de veículos).

Pela NBR 15570, veículos novos fabricados a partir de 2009 devem apresentar nível de ruído interno inferior a 85 decibéis, enquanto para os usados admite-se uma tolerância de três decibéis. "Os veículos vistoriados têm alcançado desempenho dentro dos padrões exigidos", diz o texto da SPTrans. Já a resolução da Conama diz que os níveis de ruído externo máximo permitido, são 92 (motor dianteiro) ou 98 decibéis (traseiro ou central).

A Secretaria Municipal de Transportes do Rio declarou que "desconhece" a íntegra da pesquisa e sua metodologia. Disse ainda que o Rio tem uma frota com idade média de 4,5 anos e que segundo o Código Disciplinar dos Ônibus da secretaria, os veículos precisam atender às normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

A Supervia informou que, atualmente, "circulam 170 trens refrigerados, e por serem equipados com ar-condicionado, não necessitam de abertura de janelas, o que torna a viagem mais silenciosa e confortável". A concessionária informou também ter trocado 137 quilômetros de trilhos e 161 mil dormentes de madeira (peças afixadas transversalmente à via férrea). O resultado, na versão da empresa, melhorou as condições de tráfego.

"Todas estas medidas contribuem para a redução dos ruídos nos trens, que já estão mais de 5 pontos abaixo do limite recomendado para a saúde auditiva (85 decibéis)."

Já em relação ao teleférico do Complexo do Alemão, a estação Bonsucesso, na zona norte da cidade, "trata-se de um ambiente aberto, que recebe interferência dos ruídos da rua", informou a concessionária.