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Polícia falhou em tiroteio na Sé? Consultor de segurança pública analisa

Marcela Sevilla

Do UOL, em São Paulo

04/09/2015 23h15

Na tarde desta sexta-feira (4), dois homens foram assassinados nas escadarias da Catedral da Sé, região central de São Paulo. Um homem armado fez uma mulher como refém na porta da igreja enquanto policiais acompanhavam à distância. Dezenas de pessoas se aproximaram da cena e Francisco Erasmo Lima, 61, tenta ajudar a vítima e é baleado. Policiais atiraram e Luiz Antonio da Silva, que estava armado, também foi morto.

A ação da Polícia Militar nesta ocorrência teve falhas? O consultor de segurança pública e coronel reformado da Polícia Militar José Vicente da Silva Filho analisou as imagens do crime e considera que a polícia deveria ter isolado a área.

"Em qualquer ambiente que se chega e tem reféns, a primeira preocupação que se tem é com o refém. A polícia deveria ter determinado um isolamento mais amplo possível para, justamente, evitar que inocentes pudessem ser atingidos", afirma o consultor.

Para ele, os tiros foram corretamente disparados por quatro policiais militares e um agente da guarda civil metropolitana em direção ao criminoso. "No treinamento que o policial tem em termos de academia, se um opositor está frente a ele ameaçando-o, a reação imediata são dois tiros seguidos, para aumentar a chance de neutralizar a ameaça".

Ao ser questionado sobre o número de tiros e o momento em que deveriam acontecer, Silva Filho indicou a falta de comando como possível explicação. "Nesta situação, devido ao fato de haver uma aglomeração, precisaria que alguém assumisse o comando e determinasse quando seria a situação de realmente atirar sobre este criminoso."

O consultor diz ainda que ocorrências como essa devem ser usadas para que a polícia aperfeiçoe as técnicas de abordagem.

Em nota, a PM considerou que ação tinha "elevado grau de complexidade pela extensão da área, pela velocidade dos acontecimentos e pela agressividade do autor". "Alguns policiais conseguiram chegar rapidamente e evitar uma tragédia ainda maior. Falar em erro operacional é precipitado", conclui o texto.

Personagens

A mulher feita de refém foi a balconista Elenilza Mariana de Oliveira Martins, 25, que conseguiu escapar e teve ferimentos. 

Luiz Antonio da Silva, que manteve a mulher refém, já tinha passagem anterior pela polícia por tentativa de homicídio.

O homem que tentou resgatar a mulher, segundo a PM, também já havia sido processado por homicídio doloso –a corporação não informou, porém, se ele chegou a ser condenado, detalhes desse crime e nem se chegou a ficar preso. Natural de Ribeirão Pires, no ABC paulista, Francisco Lima, foi registrado no boletim de ocorrência como pedreiro.