Zoológico do Rio não tem girafa. Nem zebra. E nem leão!
"Sabe onde fica o leão, por favor?", pergunta um visitante do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, na última quarta-feira (7). "Leão nós não temos no momento, amigão. Nem leão, nem zebra, nem girafa", responde um guarda do local. Até abril deste ano a resposta não seria a mesma. Os animais estavam lá, expostos à visitação. Em três meses, todos morreram.
Além de frustrar quem vai ao zoológico, a ausência dos bichos se soma a uma série de problemas detectados no espaço pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e pelo MPF (Ministério Público Federal) no Rio, em vistorias recentes.
O parque, administrado pela Fundação RioZoo, tem animais magros, locais de visitação fechados ou vazios e grades enferrujadas. Fundado em 1888, o zoológico carioca é o mais antigo do país e passou pela última grande reforma há 22 anos.
No mês passado, o MPF impetrou ação civil pública para exigir que a Prefeitura do Rio reforme o espaço, por entender que ele não atende a legislação que regulamenta a manutenção de animais em cativeiro no Brasil.
Nessa quarta, o Ibama multou a Smac (Secretaria Municipal de Meio Ambiente), responsável pela Fundação RioZoo, em R$ 1 milhão. O motivo foi o descumprimento de notificação do órgão que determinava o início de obras no local até o dia 1º de agosto. A pasta informou ter recebido a autuação, "que será analisada pela Procuradoria Geral do Município".
A prefeitura informou nessa semana que o processo licitatório das reformas do zoológico está na fase final. Divulgou ainda que analisa a mudança do modelo de gestão do parque. O resultado pode ser "uma concessão ou parceria público-privada, por exemplo".
Mortes afastam visitantes
Ao justificar as mortes dos animais, a RioZoo informou que a girafa morreu em abril, por aspiração do bolo alimentar, a zebra em maio, devido a uma lesão de coluna, e o leão, "um animal já idoso", em julho.
Questionado sobre a razão pela qual o zoológico permanece sem exemplares dos animais, o órgão explicou que "não dispõe dos recursos necessários para a importação dos animais em questão".
Na manhã de quarta, um grupo de crianças acompanhado por professores visitava o espaço. "Gente, a girafa faleceu”, comentou a responsável pelos meninos, diante de um espaço vazio. “Ai, vou ficar de luto”, comentou uma menina.
O animal que costumava chamar atenção no local estava em disputa judicial entre os zoológicos do Rio de Janeiro e de Brasília. "Zagallo" pertencia ao zoológico brasiliense e estava emprestada ao do Rio desde 2006. O espaço é hoje ocupado por um búfalo de aparência frágil. Segundo o RioZoo, o animal sofreu cirurgia recentemente.
Números de visitantes divulgados pela fundação que administra o zoológico dão mostras de que o espaço já não é tão atraente como antes. De março a setembro de 2015, 757.113 pessoas passaram pelo parque carioca. O total é 21,9% menor que o do mesmo período em 2013, quando 969.048 pessoas foram ao zoológico.
Acompanhado da filha de dois anos de idade, Samara, o pedreiro Genival Almeida, 30, disse ser frequentador assíduo do zoológico, mas não escondeu a decepção com o atual estado de conservação do espaço. "Os animais não estão em locais adequados como estavam há alguns anos. Era muito melhor, com os bichos gordos, bonitos".
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