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Cão fica mais de uma hora dentro de porta-malas em estacionamento de BH

Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

07/01/2016 18h43

Um cachorro foi deixado preso em porta-malas de um carro por ao menos uma hora e meia e somente foi libertado depois de pessoas que passavam pelo local acionarem a Polícia Militar. O caso ocorreu nesta semana no bairro Alípio de Melo, região noroeste de Belo Horizonte.

De acordo com a contabilista Natália Rocha Mazoni, 37, que registrou a cena pelo celular, o cachorro, aparentando ser da raça Shih Tzu, arfava muito e apresentava sinais de debilidade após a tampa ter sido aberta. O veículo fora estacionado em frente a um shopping popular do bairro e, segundo ela, o calor era intenso e não havia cobertura sobre o carro.

Ela disse acreditar que o cão deve ter ficado mais de uma hora e meia dentro do veículo. O porta-malas somente foi aberto após a chegada da dona do carro, que entregou as chaves a um policial militar.

Mazoni disse que os latidos do animal chamaram a atenção de quem estava por perto.

“Ele latia muito e o alarme do carro estava disparando a todo momento. Isso chamou a atenção das pessoas. Meu carro estava próximo, e eu fui ver o que estava acontecendo. Um flanelinha disse que tinha mais de uma hora que a dona dele tinha saído’, explicou.

Segundo ela, a PM já tinha sido acionada, e o sistema de som do estabelecimento comercial anunciou que, caso o proprietário do carro estivesse no shopping, deveria ir até o local, mas não há informação se a mulher estava dentro do centro de compras.

“Chegamos até a pedir a um chaveiro do centro comercial para abrir o carro, mas ele não aceitou. Apenas entre momento em que eu cheguei até a dona aparecer, passaram-se mais 50 minutos”, afirmou.

A contabilista disse ter pedido ao policial para arrombar o carro, mas ele teria se recusado.

“Eu disse a ele que assumia o dano ao veículo, mas ele não aceitou. A dona do carro chegou com uma criança no colo e disse que tinha se ausentando apenas por 50 minutos’, declarou.

No vídeo, após a tampa ter sido aberta, o cão apresenta dificuldade para respirar e estava cambaleante. Nas imagens, percebe-se que havia dois potes dentro do porta-malas. Segundo Mazoni, um continha ração e, o outro, água.

“Só por esse motivo a gente percebe que ela estava com intenção de deixar o cachorro ali dentro por mais tempo. Ele estava desidratado, cambaleante e nem conseguia tomar a água”, salientou.

O vídeo postado no Facebook teve até o momento 7,1 milhões de visualizações e mais de 112 mil compartilhamentos. Natália Mazoni disse ter ficado revoltada ao tomar conhecimento, pela imprensa local, que o cão foi devolvido à dona, depois de ter supostamente passado por exames em uma clínica veterinária, e o caso não ter sido caracterizado como maus-tratos.

“Eu fiquei revoltada porque me pergunto: como isso não é maus-tratos? Deixar o cachorro preso por mais de uma hora e meia, sem ventilação, debaixo de um sol forte, com muito calor? Que país é esse?”, afirmou.

A autora do vídeo disse não ter a identificação da mulher.

“Dentro do carro tinha uma cadeirinha de bebê. Eu penso que se ela fez isso com o cachorro, daqui a pouco vai fazer também com a própria filha. Ela não demonstrou nenhum sinal de arrependimento e ainda ameaçou com processo quem estava filmando”, desabafou.

Conforme ela, a mulher não justificou o motivo pelo qual deixou o animal preso no porta-malas nem onde estava durante o período.

Inquérito aberto

A Polícia Civil informou que um inquérito foi aberto para investigar o caso, que ficará sob responsabilidade do delegado Aloísio Fagundes, da Divisão Especializada de Proteção ao Meio Ambiente, que já recebeu o vídeo.

Um dos entraves, segundo o policial, é a inexistência de um boletim de ocorrência sobre o caso. No entanto, caso fique comprovado que a dona do animal o deixou de maneira proposital dentro do carro, ela poderá responder ao crime de maus-tratos a animais. O UOL entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar de Minas Gerais. O setor informou não ter encontrado nenhum registro de ocorrência sobre o caso.