Estudante de medicina vítima da PM compôs sobre 'amigo morto por policial'
O estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta, morto pela PM em um hotel na zona sul de São Paulo, falou sobre violência policial em uma das suas músicas como MC.
O que aconteceu
Marco Aurélio se apresentava como MC Boy da VM. O "VM" é uma abreviação de "Vila Mariana", bairro no qual ele morava. Em entrevistas publicadas nas redes sociais, ele conta que começou a carreira em 2020, com publicação de vídeos no Instagram.
"Tremenda injustiça com um amigo meu. Morto a tiros pela polícia na porta de casa", diz trecho da composição. A música, chamada "Medley Consciente", foi publicada em uma prévia em 2021.
"Eles [da polícia] não quis nem saber, virou estatística", diz outra parte da música. No fim do vídeo, ele ainda diz que compôs a canção "de coração".
No vídeo, Marco Aurélio não detalha se a música foi composta para algum amigo específico. Ele também não fez menções sobre o assunto nas redes sociais ou em entrevistas.
Ô, meu aliado, você vai deixar saudade. Amigos nós seremos, pra toda eternidade. Inevitavelmente, o que aconteceu? Tremenda injustiça com um amigo meu. Morto a tiros pela polícia na porta de casa, ele era trabalhador e nem mexia em fita errada. Eles não quis nem saber. Virou estatística. Enquanto na sua casa sofre toda a sua família.
Trecho de música compartilhada por Marco Aurélio
Além do funk, Marco Aurélio era apaixonado por futebol. Ele integrava o time dos alunos de Medicina da Universidade Anhembi Morumbi, onde estudava, e nos campos era conhecido como "Bilau". A equipe publicou nota afirmando que o estudante será lembrado com amor e carinho.
Entenda o caso
Um policial militar matou um homem com um tiro à queima-roupa em um hotel na zona sul de São Paulo na madrugada desta quarta. Os policiais envolvidos no caso foram afastados.
Os policiais chegaram ao local e viram o estudante "bastante alterado" e agressivo, segundo o boletim de ocorrência. Ele chegou a ir para cima dos policiais.
Em certo momento, ele teria tentado pegar a arma de fogo de um dos policiais, ocasionando no disparo. O resgate foi acionado e o estudante foi levado ao Hospital Ipiranga, mas morreu. Imagens das câmeras de segurança do hotel não mostram o estudante tentando pegar armas dos agentes.
A morte foi registrada como decorrente de intervenção policial. O agente que atirou no jovem teve sua arma apreendida.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirma que está apurando o caso e confirmou o afastamento dos policiais. "As polícias Civil e Militar apuram as circunstâncias da morte de um homem de 22 anos, ocorrida na madrugada desta quarta-feira (20), na Vila Mariana, na capital paulista. Os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados em inquérito e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações".
Os pais de Marco Aurélio cobraram explicações da polícia e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Já a Ouvidoria das Polícias criticou o uso de força na abordagem.
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Quero receberDe janeiro a setembro deste ano, a polícia de São Paulo matou 496 pessoas, o maior número para o período desde 2020, quando ocorreram 575 mortes.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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