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Para procurador, presidente da Samarco sabia do perigo de rompimento

Ricardo Vescovi, diretor-presidente da Samarco, presta depoimento ao MPF por desastre em Mariana - Alexandre Guzanshe/EM/D.A press
Ricardo Vescovi, diretor-presidente da Samarco, presta depoimento ao MPF por desastre em Mariana Imagem: Alexandre Guzanshe/EM/D.A press

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

19/01/2016 20h56

O procurador da República em Minas Gerais, Eduardo Santos de Oliveira, criticou nesta terça-feira (19) as negativas do diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi de Aragão, de que tivesse sido comunicado pela área técnica da companhia de havia problemas na barragem de Fundão, em Mariana (MG), que se rompeu em novembro do ano passado.

“Chama a atenção essa atitude do diretor-presidente da Samarco em não querer assumir suas responsabilidades em seu depoimento à PF (Polícia Federal)”, afirmou Oliveira.

“Ele está se prevenindo de suas responsabilidades. Não quer assumir sua parcela de culpa no desastre”.

Segundo o procurador, não é crível que o executivo não tenha sido informado da sequência de problemas na barragem que ruiu, anos antes da tragédia.

Oliveira lembra que, Vescovi assumiu a direção da mineradora em 2012, mas trabalha na empresa há mais de 25 anos, tendo iniciado sua carreira como estagiário.

“Esse depoimento assusta, quando esse diretor-presidente diz que o diretor de Operações e Infraestrutura, Kleber Luiz de Mendonça, jamais tenha encaminhado qualquer problema na barragem”, disse o procurador.

Ele lembra que Vescovi ocupou diversos cargos técnicos e executivos na mineradora durante mais de duas décadas não tivesse informações sobre os diversos problemas estruturais da barragem desde quando ela entrou em operação.

“É pouco provável que esses fatos não tenham sido comunicados ao diretor-presidente. Pelo que foi apurado até agora, a barragem de Fundão, desde a sua concepção em 2006 até o início das operações em 2009, sempre apresentou problemas” afirmou Oliveira.

Na semana passada, Vescovi e mais seis executivos e técnicos da Samarco, entre eles Kleber Luiz de Mendonça, foram indiciados pela PF por crimes ambientais.

Procurada pelo UOL, a Samarco não comentou as declarações do procurador até o momento.