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Transexual é espancada até a morte no RS; dois adolescentes são suspeitos

Nickolle estava caída em um canto do Parque da Fenarroz, no bairro Cristo Rei, com muitos ferimentos - Reprodução/Facebook
Nickolle estava caída em um canto do Parque da Fenarroz, no bairro Cristo Rei, com muitos ferimentos Imagem: Reprodução/Facebook

Lucas Azevedo

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

12/07/2016 15h53

Uma transexual foi assassinada na madrugada de segunda-feira (11) em Cachoeira do Sul (a 188 km de Porto Alegre), no centro gaúcho. Nickolle Rocha, 19, foi espancada por dois adolescentes em um parque da cidade após uma discussão. Ela foi agredida a socos e pontapés e morreu por traumatismo craniano.

A vítima, que havia sido eleita Miss Diversidade de Cachoeira do Sul e Miss Simpatia da Diversidade do Rio Grande do Sul, foi encontrada já sem vida no início da manhã de segunda. Ela estava caída em um canto do Parque da Fenarroz, no bairro Cristo Rei, com muitos ferimentos.

A polícia começou a investigar o caso e descobriu que Nikolle havia saído no domingo à noite com uma amiga. Identificada, a testemunha afirmou aos investigadores que elas haviam encontrado dois adolescentes no centro da cidade, onde consumiram bebida alcoólica. De lá, Nikolle partiu com os dois para o parque, enquanto a amiga ficou para trás. A polícia conseguiu identificar os adolescentes --de 15 e 16 anos--, que moram perto do parque. Eles foram chamados para prestar depoimento e, na presença dos pais, admitiram o crime.

Segundo eles, depois de manterem relações, Nikolle se desentendeu com o mais velho, que começou a agredi-la. O mais novo presenciou a discussão e também agrediu a vítima. Nikolle recebeu muitos socos e chutes, especialmente na cabeça. "Os dois acabaram batendo bastante nela. Ela caiu e deram vários chutes. Foi muita crueldade", afirmou o delegado José Antônio Taschetto Mota.

Os adolescentes, que já possuem passagens por furto, dano, ameaça e lesões corporais, abandonaram a vítima desacordada no local. Eles não foram apreendidos em flagrante, já que o laudo da necropsia ficou pronto apenas no fim da tarde de segunda. Agora, o caso está com a DPCA (Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente) de Cachoeira do Sul.

Mota descarta crime de homofobia. "Não enxergo crime de homofobia, até porque todos estavam envolvidos numa relação homossexual." Os menores devem responder por ato infracional de homicídio qualificado (por motivo fútil e utilização de recurso que impossibilitou defesa da vítima). A reportagem tentou contato com os familiares dos menores, mas eles não responderam aos telefonemas. O corpo de Nikolle será enterrado nesta tarde, no cemitério da cidade.