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Rio tem a maior chuva em junho em 20 anos; Lagoa corre risco de transbordar

queda de barreira Rio chuva - Fabiano Rocha/Agência O Globo  - Fabiano Rocha/Agência O Globo
Bairro do Cosme Velho teve queda de barreira em decorrência da chuva
Imagem: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

21/06/2017 10h53Atualizada em 21/06/2017 14h39

A chuva que atingiu o Rio de Janeiro nesta terça-feira (20) foi a maior registrada em uma estação pluviométrica no mês de junho nos últimos 20 anos, desde quando começaram as medições feitas pelo Sistema Alerta Rio em 1997. Nesta quarta-feira (21), a capital fluminense, que segue em estado de atenção, ainda têm pontos de alagamento, o que atrapalha a circulação nas vias da cidade.

Na manhã de hoje, havia bolsões de água na Lagoa (avenidas Borges de Medeiros e Epitácio Pessoa), na avenida das Américas, estrada dos Bandeirantes e na avenida Brasil (na altura de Benfica, Caju e Manguinhos). Também nesta quarta, foram registradas quedas de ao menos três árvores, como na estrada das Canoas, em São Conrado, onde havia interdições, e na rua Mal. Mascarenhas de Morais, próximo da rua Tonelero, em Copacabana.
Chuva no Rio Lagoa - Alessandro Buzas/Estadão Conteúdo - Alessandro Buzas/Estadão Conteúdo
Ciclovia na Lagoa amanheceu inundada nesta quarta-feira (21)
Imagem: Alessandro Buzas/Estadão Conteúdo
 
Até as 23h59 desta terça, a estação Alto da Boa Vista, na zona norte, marcou 247 milímetros de chuva. O maior volume registrado havia sido em 2006 na estação Barra/Rio Centro com 154,2 milímetros.
 
Ao todo, onze estações pluviométricas da cidade registraram volume de chuva superior ao esperado para todo o mês de junho. As estatísticas levaram em conta as precipitações de um período de oito horas das 15h45 às 23h59.
 
Segundo o Centro de Operações Rio, as pancadas de chuva forte foram ocasionadas pela atuação de áreas de instabilidades, provocadas pelos ventos em altitude, umidade e a passagem de uma frente fria somadas à topografia da cidade.
 
Para esta quarta-feira, a previsão é de chuva fraca a moderada, ocasionalmente forte, em pontos isolados da cidade. O Rio de Janeiro permanece em estágio de atenção. 
A Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos cartões postais da cidade, está com alerta de transbordo desde 5h05, segundo a Rio Águas.
 
Já os piscinões da Tijuca, na zona norte, operam com capacidade máxima. O primeiro dos três reservatórios da região, construído para evitar grandes alagamentos, começou a funcionar em 2013. 
 
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), acompanha os estragos provocados pela chuva. “Mobilizamos as equipes da prefeitura para atuar desde o início do temporal em várias regiões da cidade”, disse o prefeito.
 
Chuva no Rio Lagoa - Fábio Motta/Estadão Conteúdo - Fábio Motta/Estadão Conteúdo
Alagamento na avenida Borges de Medeiros, na Lagoa Rodrigo de Freitas
Imagem: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Resgate de bote no Jardim Botânico

As principais ocorrências registradas foram bolsões d’água em ao menos 15 bairros da cidade – oito deles na zona sul. 
 
A situação mais grave ocorreu nos bairros do Jardim Botânico e do Catete. No Jardim Botânico, o acúmulo de água provocou congestionamento de mais de cinco horas. Um bote do Corpo de Bombeiros chegou a ser usado para resgatar passageiros que estavam ilhados em um ônibus. Pedestres se arriscavam nas grades do parque Jardim Botânico para tentar chegar em casa.
 
Na Lagoa, um carro chegou a ter a porta coberta de água.
 
No bairro do Catete, a água invadiu a calçada. Comerciantes tentavam fazer barreiras para evitar que a água invadisse os estabelecimentos. Funcionários do metrô avisavam aos passageiros sobre o alagamento da região e recomendavam o desembarque na estação seguinte. 
 
No Flamengo, houve queda de árvore. O bairro do Cosme Velho, onde fica o acesso ao Corcovado, registrou deslizamento de terra. A rua ficou interditada e técnicos da prefeitura trabalhavam para remover a barreira. Uma retroescavadeira era utilizada. 
 
Na zona norte, o rio Maracanã transbordou. 
 
As linhas 1 e 2 do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que funcionam na região central da cidade, foram paralisadas na terça. Hoje, o VLT opera normalmente.
 
Desde o começo da chuva, 300 toneladas de lixo já foram retiradas das ruas. Segundo a Comlurb (Companhia de Limpeza Urbana), 200 garis e 30 veículos estão sendo utilizados na limpeza da cidade.
 

Sirenes acionadas 

De forma preventiva, 14 sirenes do Sistema de Alerta e Alarme Comunitário da Prefeitura do Rio foram acionadas em sete comunidades do Rio: Borel e Formiga (Tijuca), Prazeres, Escondidinho e Vila Elza (Santa Teresa), Santa Alexandrina (Rio Comprido), Guararapes (Cosme Velho), Rocinha e Rio das Pedras.
 
Os moradores foram orientados por agentes comunitários e da Defesa Civil a se dirigirem aos pontos de apoio. Os primeiros acionamentos ocorreram às 20h de terça-feira. As sirenes já foram desligadas e os moradores retornaram para suas casas em segurança por volta das 2h desta quarta-feira (21).
 

Transportes

Os dois aeroportos do Rio de Janeiro, o Santos Dumont e o Internacional Tom Jobim operam nesta quarta com auxílio de instrumentos para pousos e decolagens. Até as 10h50 de hoje, dos 49 voos programados para o Galeão, um atrasou. No Santos Dumont, dos 46 voos previstos, houve cinco atrasos e seis cancelamentos.
 
As 41 estações da MetrôRio e os acessos às estações funcionam normalmente. As linhas 1, 2 e 4 operam sem problemas desde as 5h.
 
As linhas das barcas da Praça Arariboia, Charitas, Cocotá e Paquetá também estão operando normalmente pela Baía de Guanabara, apesar da chuva que continua atingindo a cidade. Os trens da Supervia registram circulação normal em todos os ramais.