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Jovem vai visitar túmulo, fica presa e é resgatada por bombeiros em Maceió

Janderson Oliveira
Imagem: Janderson Oliveira

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

09/09/2019 00h45Atualizada em 09/09/2019 12h21

A estudante de jornalismo Rebecka Carmo, 24, ficou presa dentro do cemitério Nossa Senhora da Piedade, no bairro Trapiche da Barra, periferia de Maceió (AL), no final da tarde de sábado, depois que ela foi visitar o túmulo da 'Mulher da Capa Preta'. Após uma hora, ela foi resgatada pelo Corpo de Bombeiros sem ferimentos.

A estudante contou que entrou no cemitério por volta das 16h20, na companhia de uma amiga e um amigo, para mostrar-lhes o túmulo. Depois, deram uma volta para observar os demais jazigos. Na saída, às 16h55, os três se depararam com o portão do cemitério fechado.

"Quando entramos, o coveiro estava sentado na porta da igreja e deduzimos que ele tivesse nos visto. Depois que contamos a lenda da Mulher da Capa Preta, começamos a andar nos demais túmulos e quando fomos sair já estava fechado, antes das 17h. Começamos a gritar e ninguém apareceu", disse Rebecka Carmo.

Antes de acionar o Corpo de Bombeiros, colegas da estudante, que estavam em uma feira próximo ao cemitério, trouxeram uma cadeira para ajudá-la a pular o muro, mas a construção é inclinada e com espetos. Ela não conseguiu e telefonou para a polícia.

"Me passaram um número da secretaria responsável pelo cemitério, mas a ligação não completava. O que restou foi ligar para os bombeiros, pois eu não ia poder dormir ali. Como o pessoal estava rindo muito da situação, eu liguei de novo porque poderiam ter achado que era trote, mas veio uma equipe com quatro bombeiros", contou a estudante.

Enquanto ela esperava o resgate, os dois amigos de Carmo conseguiram sair pelas brechas do portão, com ajuda de outras pessoas. Ela disse que não sentiu medo, pois a todo o momento ficou na companhia dos amigos, do lado de fora, e outras pessoas que ficaram na calçada esperando a finalização do caso.

Uma hora depois, quatro bombeiros chegaram. Um pulou o muro para tentar tirar a estudante, mas depois a equipe decidiu que a maneira mais segura seria quebrar o cadeado da corrente que fechava o portão do cemitério.

Rebecka Carmo disse que não pretende acionar a Justiça. "Como eu fui sair perto da hora de fechar, o responsável deve ter pensando que não havia mais ninguém no cemitério e acabou não passando de um mal-entendido", afirmou.

Procurado pelo UOL, a Sudes (Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável), responsável pela gestão dos cemitérios públicos da capital, disse que os portões dos cemitérios são fechados às 17h, quando se encerra o expediente administrativo, e que os visitantes são orientados a deixar o local neste horário.

"Antes do fechamento dos portões, fiscais verificam se há visitantes para que sejam retirados. Após o caso registrado no Cemitério Nossa Senhora da Piedade, a Sudes reforçou a orientação aos fiscais e deve fixar novos avisos para evitar este tipo de ocorrência", disse.

A lenda

O túmulo da Mulher da Capa Preta é famoso pela lenda urbana sobre a construção. O local tem uma cruz com uma capa por cima, feitas em mármore preto, que podem ser referência à cruz e ao manto sagrado de Jesus Cristo. No local há três lápides, uma no nome de Carolina Sampaio Marques, falecida em 22 de novembro de 1921, e de dois homens da mesma família.

Mas, a lenda maceioense é que um rapaz conheceu uma jovem mulher durante um baile de carnaval, dançou a noite toda com ela, e chegando perto da meia-noite, ela se despediu. Como estava chovendo, o rapaz se colocou à disposição para levá-la em casa. Para proteger a jovem da chuva, cobriu a jovem com uma capa que tinha levado para o baile.

Segundo a lenda, o casal saiu a pé pelas ruas e quando chegou perto do cemitério, a jovem disse que ele não poderia passar dali. Forneceu o endereço dela para que ele fosse, no dia seguinte, buscar a capa. Mas, ao chegar à casa da moça, a mãe dela informou que a filha havia falecido já fazia alguns anos.

O rapaz ficou sem acreditar. Parentes da jovem levaram o rapaz ao cemitério para mostrar o túmulo com o nome dela na lápide e teriam encontrado a capa em cima do túmulo. Uma réplica da cruz coberta com a capa, que está no local, teria sido construída em respeito à memória da moça.