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Iraque retoma cidade sob domínio do EI e enfrenta extremistas em Kirkuk

Exército do Iraque se desloca após libertar vila dominada pelo Estado Islâmico na região sul de Mossul - Thaier Al-Sudan/ Reuters
Exército do Iraque se desloca após libertar vila dominada pelo Estado Islâmico na região sul de Mossul Imagem: Thaier Al-Sudan/ Reuters

Do UOL, em São Paulo

22/10/2016 11h13

O Exército do Iraque invadiu neste sábado (22)  a cidade cristã de Qaraqosh que estava sob controle do Estado Islâmico desde 2014, parte de operações apoiadas pelos Estados Unidos para liberar as entradas de Mossul, o último grande bastião urbano dos militantes no Iraque. Em Kirkuk, as forças do Iraque enfrentavam pelo segundo dia consecutivo os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI), que na sexta-feira atacaram a cidade e deixaram pelo menos 46 mortos, ao mesmo tempo que prossegue a ofensiva para recuperar Mossul, reduto do EI.

Vinte e quatro horas depois do inesperado ataque jihadista contra Kirkuk, a cidade controlada pelos curdos segue sob ameaça de atentados suicidas e franco-atiradores do EI, o que obrigou o governo de Bagdá a enviar reforços.

Homens-bomba do EI atacaram na sexta-feira vários edifícios do governo em Kirkuk e uma central elétrica em construção, ao noroeste da cidade.

"Os confrontos com o Daesh deixaram 46 mortos e 133 feridos, em sua maioria membros dos serviços de segurança", afirmou neste sábado (22) uma fonte militar do ministério do Interior iraquiano, utilizando o acrônimo em árabe do grupo extremista.

As forças iraquianas anunciaram que mataram 48 extremistas e deixaram vários feridos nos combates em Kirkuk.

Segundo o general Jatab Omar Aref, chefe de polícia da cidade, vários deles ativaram os explosivos presos aos corpos quando foram cercados pelas forças de segurança.

As autoridades de Kirkuk, cidade multiétnica com a presença de várias comunidades religiosas, decretaram na sexta-feira um toque de recolher total por conta das ações de guerrilha urbana executadas pelos extremistas.

Kirkuk fica em uma região rica em petróleo a 150 km de Mossul, a segunda maior cidade iraquiana, controlada pelo EI desde junho 2014, e a 240 km de Bagdá.

Libertação de Qaraqosh

Um comunicado dos militares informou que unidades do Exército do Iraque entraram no centro de Qaraqosh, cerca de 20 quilômetros a sudeste de Mossul, e estavam realizando operações para terminar de liberar a cidade, da qual toda a população foi retirada em 2014, quando o Estado Islâmico varreu a região.

No início desta semana, unidades especiais iraquianas capturaram Bartella, vilarejo cristão ao norte de Qaraqosh.

A ofensiva em Mossul deve se tornar a maior batalha travada em solo iraquiano desde a invasão comandada pelos EUA em 2003. O Estado Islâmico também controla partes da Síria.

O Exército também está tentando avançar do sul e do leste, enquanto combatentes curdos peshmerga estão mantendo frentes no leste e no norte.

Secretário dos EUA em Bagdá

Neste sábado, o secretário de Defesa americano, Ashton Carter, desembarcou em Bagdá para uma visita não anunciada e que pretende avaliar a ofensiva em Mossul, que de acordo com algumas fontes é defendida por entre 3.500 e 4.500 extremistas.

Carter se reune com o comandante militar da coalizão internacional antijihadista, o general americano Stephen Townsend, e com o primeiro-ministro iraquiano Haider al-Abadi.

O governo dos Estados Unidos mantém mais de 4.800 soldados no Iraque. O contingente proporciona apoio logístico e assessoria às forças iraquianas, mas, com exceção de casos específicos, não participa diretamente em combates.

"Será necessário um grande trabalho de reconstrução e estabilização após a reconquista de Mossul", disse o chefe do Pentágono.

Ao mesmo tempo, as autoridades iniciaram a instalação de campos de deslocados. Quase 1,5 milhão de civis permanecem bloqueados em Mossul. De acordo com a ONU, apenas nos três primeiros dias da ofensiva foram registrados 5.640 deslocados.

Jornalista morto

Um jornalista iraquiano de televisão morreu neste sábado quando trabalhava na cobertura da ofensiva militar das forças de segurança para retomar a cidade de Mossul do grupo extremista Estado Islâmico (EI), segundo o canal Al Sumaria TV.

O jovem repórter morreu quando cobria a batalha perto da localidade de Al-Shura, ao sul de Mossul, informou a emissora em seu site oficial.

Este é o segundo jornalista iraquiano morto em dois dias. Na sexta-feira, um profissional do canal turcomano Ili morreu ao ser atingido por um atirador do EI em Kirkuk, onde prosseguem os confrontos. (Com as agências internacionais)