Topo

Venezuela prorroga por 72 horas o fechamento de fronteira com Brasil

Avener Prado/Folhapress
Imagem: Avener Prado/Folhapress

Aliny Gama

Colaboração para o UOL em Maceió

16/12/2016 18h24Atualizada em 16/12/2016 20h03

As fronteiras da Venezuela com o Brasil e com a Colômbia continuam fechadas até o próximo domingo (18) por determinação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Desde a última terça-feira (14), Maduro proibiu o trânsito de pedestres para entrada e saída da Venezuela entre as cidades de Santa Elena de Uairén e Paracaima (RR), além da fronteira com a Colômbia.

Maduro decidiu reeditar o decreto 2.589 com a prorrogação de mais 72 horas de fechamento das fronteiras da Venezuela, na noite de quinta, afirmando que a medida foi tomada para continuar a cooperar com a ação das forças policiais que estão combatendo a ação de "grupos de mafiosos" que supostamente atuam nas fronteiras "para desestabilizar a economia do país."

O presidente da Venezuela afirma que grupos da Colômbia e do Brasil estão guardando papel-moeda da Venezuela para retirar a oferta em circulação e desestabilizar a economia venezuelana. O presidente acusa ainda uma ONG dos Estados Unidos de atuar na "máfia".

"O presidente convida todo o povo para acompanhá-lo em ações, nos próximos dias, que serão tomadas para proteger a Venezuela, seu povo e sua moeda contra ataques criminosos que visam destruir a revolução bolivariana", diz a nota do governo.

O cônsul-adjunto venezuelano em Roraima, José Martínez, afirmou que o combate aos grupos de contrabandistas está ocorrendo de maneira satisfatória, mas não soube informar se algum suspeito foi detido pela polícia da Venezuela acusado de participação da "máfia".

Desde a terça-feira, venezuelanos estão obrigados a declarar a posse das notas de 100 bolívares e depositarem o dinheiro nos bancos. As longas filas de venezuelanos nos bancos levou o governo a aumentar o prazo até o próximo dia 20. A Venezuela enfrenta uma grave crise econômica com a alta inflação e o governo culpa a ação das máfias que fazem contrabando da moeda nacional e também de alimentos e outros insumos que estão em falta no país.

Para acompanhar a desvalorização da moeda, o Banco Central da Venezuela lançou recentemente papel-moeda nos valores de 20.000, 10.000, 5.000, 2.000, 1.000 e 500 bolívares, e três moedas, de 100, 50 e 10 bolívares. Um dólar equivale a 670 bolívares.

A Polícia Federal em Roraima informou que desde que a fronteira foi fechada, na última terça-feira, nenhum "cidadão brasileiro ou venezuelano cruzou os dois países via terrestre".

"A cidade está sem movimento algum, pois ninguém vem de lá e também quem está aqui não passa para a Venezuela", disse um policial federal que trabalha na delegacia da PF em Paracaima. Segundo a polícia, até agora não houve registro de transtorno ocasionado pelo fechamento da fronteira.

Na quarta-feira, o Itamaraty informou que a Embaixada do Brasil em Caracas recebeu um aviso verbal do Ministério para Relações Exteriores da Venezuela sobre a decisão do governo venezuelano de fechar a fronteira entre Brasil e Venezuela. Porém, até a publicação deste texto, o Itamaraty não confirmou se o Brasil foi avisado novamente da prorrogação do prazo.

Na quarta-feira, o Itamaraty informou que a Embaixada do Brasil em Caracas recebeu um aviso verbal do Ministério para Relações Exteriores da Venezuela sobre a decisão do governo venezuelano de fechar a fronteira.

O Ministério das Relações Exteriores disse que as autoridades venezuelanas informaram sobre a prorrogação do tempo de fechamento da fronteira por mais 72 horas e que estão sendo realizadas gestões com vistas a buscar uma solução para o caso dos brasileiros que desejem retornar ao Brasil.

"Os brasileiros que necessitem de assistência consular emergencial devem contatar o Vice-Consulado do Brasil em Santa Elena de Uiarén", informou o Ministério das Relações Exteriores.

O Itamaraty alertou ainda aos brasileiros que evitem o trânsito na região da fronteira, pois o posto fronteiriço em Pacaraima está fechado para qualquer pessoa ou veículo.

A Embaixada da Venezuela em Brasília não se pronunciou sobre o assunto até a publicação deste texto.