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Editorial: Acabem com a epidemia de armas nos EUA

4.dez.2015 - As autoridades divulgaram imagens das armas e munições utilizadas pelos suspeitos envolvidos em um tiroteio em San Bernardino (EUA) - EFE
4.dez.2015 - As autoridades divulgaram imagens das armas e munições utilizadas pelos suspeitos envolvidos em um tiroteio em San Bernardino (EUA) Imagem: EFE

07/12/2015 11h52

Todas as pessoas decentes sentem tristeza e uma fúria justificada em relação à última chacina de inocentes na Califórnia. Os órgãos policiais e de inteligência estão buscando os motivos, inclusive a questão vital de se os assassinos estavam ligados ao terrorismo internacional. Isto é certo e apropriado. Mas os motivos não importam para os que morreram na Califórnia, nem os do Colorado, Oregon, Carolina do Sul, Virgínia, Connecticut e tantos outros lugares.

A atenção e a raiva dos americanos também deveriam ser dirigidas aos líderes eleitos, cujo trabalho é nos manter em segurança, mas que dão mais valor ao dinheiro e ao poder político de uma indústria dedicada a lucrar com a disseminação desenfreada de armas de fogo cada vez mais poderosas.

É uma afronta moral e uma desgraça nacional que as pessoas possam comprar legalmente armas destinadas especificamente a matar, com velocidade e eficiência brutais. Estas são armas de guerra, quase sem modificações, e deliberadamente comercializadas como ferramentas de vigilantismo machista e até de insurreição.

Os líderes eleitos americanos dedicam orações às vítimas das armas e então, de maneira insensível e sem temer consequências, recusam as mais básicas restrições às armas de morte em massa, como fizeram na quinta-feira (3). Eles nos distraem com argumentos sobre o terrorismo mundial. Sejamos claros: todas essas matanças são, à sua maneira, atos de terrorismo.

Os adversários do controle de armas dizem, como fazem depois de cada chacina, que nenhuma lei pode deter infalivelmente um criminoso específico. É verdade. Eles falam, muitos com sinceridade, sobre os desafios constitucionais da efetiva regulamentação das armas. Esses desafios existem. Eles indicam que determinados assassinos obtiveram armas ilegalmente em lugares como França, Inglaterra e Noruega, que têm rígidas leis sobre armas. Sim, é verdade.

Mas pelo menos esses países estão tentando. Os EUA não. Pior, os políticos protegem os futuros assassinos ao criar mercados de armas para eles, e os eleitores permitem que esses políticos mantenham seus cargos.

Já passou da hora de parar de falar sobre conter a disseminação das armas de fogo e, em vez disso, reduzir seu número drasticamente, eliminando algumas amplas categorias de armas e munições.