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Como uma selfie com o dono quase fez um cão abandonado perder seu novo lar

Foto do cão Diggy com seu dono se espalhou pela internet - Reprodução/ Facebook/ Detroit Dog Rescue
Foto do cão Diggy com seu dono se espalhou pela internet Imagem: Reprodução/ Facebook/ Detroit Dog Rescue

Daniel Victor

16/09/2016 14h46

Diggy, o cão abandonado de cabeça chata e sorriso tímido, parecia estar muito animado com seu novo dono em um selfie que se espalhou pela internet em junho.

Mas a fama online de Diggy quase o fez perder sua nova casa. Depois de ver a foto viral, a polícia de Waterford Township, em Michigan, EUA, disse a Dan Tillery, o novo dono do cachorro, que ele havia violado a lei local que proíbe a posse de pit bulls, e que Diggy teria de ser devolvido ao Abrigo de Cães de Detroit.

Isso provocou uma batalha legal em que Tillery, que foi acusado de uma infração comum, tinha o que considerava uma boa defesa: Diggy não é um pit bull, embora possa parecer. Tillery apresentou documentos de dois veterinários que confirmam a raça do cachorro, esperando que impediriam que as autoridades o levassem.

Mas a situação de Diggy continuou indefinida durante meses. Enquanto isso, os apoiadores de Diggy lotaram reuniões na subprefeitura, legisladores estaduais consideraram uma lei que impediria a proibição local de determinadas raças, e mais de 100 mil pessoas assinaram uma petição para que as autoridades liberassem Diggy.

Na terça-feira (13), Diggy, Tillery e seus defensores receberam a notícia que os faria sorrir de novo: as acusações foram retiradas no tribunal do 51º Distrito, garantindo que o cão e seu dono permanecessem juntos.

"Imediatamente depois de receber os atestados dos veterinários, concordamos que as acusações deviam ser arquivadas", disse em um e-mail Margaret Scott, uma promotora em Waterford Township.

"Podemos ficar com nosso menino", escreveu Tillery em uma postagem comemorativa no Facebook. "Ele é um bom menino."

Foi um final que agradou aos amantes de cães, que temiam que o animal e Tillery tivessem de ser separados logo depois de um encontro que parecia começar tão bem.

"As pessoas realmente investiram suas emoções nessa história, e é lindo ver tanta gente se importar com cães abandonados", disse Kristina Rinaldi, diretora do Abrigo de Cães de Detroit, um lugar onde os animais não são sacrificados.

Tillery encontrou Diggy em uma postagem na página do abrigo no Facebook. Rinaldi disse que o cão quase perdeu a chance de ser adotado.

Os funcionários do abrigo às vezes recolhem animais do Controle de Animais de Detroit; em uma visita, os trabalhadores carregaram 12 cães em uma van antes que Diggy chamasse a atenção de Rinaldi, contou ela. Ele estava em um canil e parecia triste, e todos os voluntários disseram que queriam lhe dar uma oportunidade. Sem mais espaço na van, ela levou o cachorro em seu próprio carro.

Ele se chamava originalmente Sir Wiggleton, por causa de um "rebolado engraçado" que fazia quando estava contente, disse ela.

Os funcionários do abrigo o submeteram ao processo habitual: ele recebeu tratamentos médicos e ficava na companhia de outros cães durante o dia. O abrigo às vezes publicava fotos dele no Facebook, esperando que alguém se inspirasse a adotá-lo.

Cerca de três meses depois, Tillery, que tinha visto uma foto, marcou um encontro em sua casa para conhecer Sir Wiggleton e o pessoal do abrigo.

A postagem viral no Facebook rapidamente lhe trouxe problemas. O tenente Todd Hasselbach, da polícia de Waterford Township, disse ao jornal "The Detroit News" em junho que o atestado da raça de Diggy poderia permitir que ele ficasse com Tillery, mas que o cão não passava no teste do olho.

"Estou olhando uma foto desse cachorro e ele me parece um pit bull", disse ele. "Eu daria uma multa."

A subprefeitura desde então alterou o regulamento, fazendo que veterinários, e não policiais, determinem a raça dos cães, segundo o jornal "The Oakland Press".

Por motivos de segurança, a proibição dos pit bulls é comum nos EUA, mas muitas vezes é criticada por ativistas dos direitos dos animais e por donos de pit bulls.

Rinaldi disse que ao passar tempo com Diggy ficou claro que ele não era perigoso. Ela o descreveu como um "grande bobalhão", que "gosta de todo mundo" e "tem beiços pendurados".

"Como o Diggy tem a cabeça chata e um grande sorriso, ele era automaticamente considerado perigoso", disse ela. "E é provavelmente o cachorro mais bonzinho que já vi."