Penalizar o setor produtivo não recoloca economia nos trilhos
Temos acompanhado ao longo de 2015 todos os esforços do governo em tentar implementar o ajuste fiscal, o qual reconhecemos ser necessário e emergencial para a retomada da confiança e da credibilidade em relação à economia brasileira.
Entretanto, não podemos coadunar com os critérios utilizados e a forma atabalhoada com que o governo decide onde, quando e a forma de fazer cortes e ajustes no orçamento.
Sem se dar conta de que ao estrangular ainda mais a indústria e o emprego, gera mais recessão e, portanto, mais crise, o governo vem implementando pacotes e mais pacotes de maldades, que joga o país em uma espiral cada vez mais recessiva e agonizante para toda a sociedade brasileira.
Não podemos nos esquecer de que neste ano a sociedade brasileira foi agraciada com um pacote de aumento de impostos: elevação de IOF nos financiamentos, aumento dos juros para financiamento da casa própria, volta da Cide nos combustíveis, a não correção plena da tabela do imposto de renda, dentre outras.
Para a indústria, mais especificamente a de máquinas e equipamentos, não foi diferente. Já havia sobrado a redução de aporte de recursos, a elevação de juros e diminuição da parcela financiada no PSI-Finame, a reoneração da folha de pagamento –estas que vinham sendo as principais e, talvez, as únicas ferramentas capazes de minimizar a perda de competitividade sistêmica da indústria nacional de máquinas e equipamentos–, a quase extinção do Reintegra etc.
E como se “pouca notícia ruim fosse bobagem” fomos surpreendidos com a notícia de interrupção, mais uma vez de forma abrupta, da linha PSI-Finame. No último dia 26 fomos comunicados de que o prazo para protocolos de pedidos de financiamentos via PSI se encerraria em 30 de outubro. Trata-se de mais um balde de água fria, um duro golpe na já combalida indústria de transformação.
Somente o aumento de impostos e a penalização que vem sendo imposta ao setor produtivo não serão o remédio suficiente para recolocar a economia brasileira nos trilhos. Tais medidas só geram mais recessão e desemprego, tornando muito mais difícil e lento o duro caminho da recuperação, que tanto a nossa economia necessita.
Outros caminhos existem. Por exemplo, temos chamado a atenção, constantemente, para a elevada taxa Selic, que produz efeitos nefastos à economia e que vai totalmente na contramão do tão perseguido ajuste fiscal. Cada ponto percentual de aumento da taxa básica de juros representa um gasto anual da ordem de R$ 10bilhões para os cofres públicos. No ano a conta é da ordem de R$ 350 bilhões.
Todos esses equívocos fazem a indústria agonizar. É urgente que o governo anuncie, com a mesma celeridade que vem aumentando os impostos, a implementação de medidas capazes de promoverem a retomada da competitividade brasileira. Do contrário, somente a elevação de impostos, somada à crise política e econômica,vão levar toda a cadeia da indústria de transformação rumo à extinção, com o fechamento de milhares de postos de trabalho e, consequentemente, resultará em empobrecimento do país.
Esperamos que, com brevidade, venham a ser anunciadas medidas para a diminuição do Custo Brasil, simplificação do sistema tributário, redução dos spreads e juros escorchantes que são cobrados das empresas e a melhoria da infraestrutura brasileira, com o destravamento das concessões públicas.
O governo precisa dar sinalizações claras, com urgência, de que irá implementar medidas que possam recolocar a economia brasileira no rumo da retomada do crescimento. A indústria está agonizando, mas se houver celeridade e vontade política ainda dá tempo!
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