ESCÂNDALOS NO CONGRESSO

38. Congresso encerra CPI do Cachoeira sem indiciados

 

Data de divulgação
18.dez.2012

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre as relações de autoridades e políticos com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, terminou em 18.dez.2012 sem nenhum indiciado. A notícia sobre o fim da CPI do Cachoeira, como ficou conhecida a comissão, repercutiu em diversos veículos jornalísticos, como os portais UOL e "G1".

O relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), escreveu um documento final para a investigação em que pediu o indiciamento de 46 pessoas, segundo noticiou o site do jornal "O Estado de S. Paulo" em 21.nov.2012, dia em que Cunha apresentou o texto.

Mas, em 18.dez.2012, o relatório de Cunha foi reprovado pelos integrantes da comissão. Em seu lugar, foi aprovado um documento de duas páginas produzido pelo deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), sem nenhum pedido de indiciamento dos suspeitos de integrarem o esquema de Carlinhos Cachoeira. A opção feita pelos integrantes da CPI do Cachoeira foi noticiada em 18.dez.2012 pelos portais UOL e "G1".

"O texto de Pitiman foi aprovado por 21 parlamentares. Outros sete votaram contra. Nas duas páginas, o deputado sugere que o material produzido pela CPI seja encaminhado ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal", publicou o "G1".

O relatório de Cunha havia sido criticado por poupar governistas e pedir o indiciamento de representantes da oposição ao governo federal, controlado pelo PT. Ele pediu, por exemplo, o indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), mas deixou de fora os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), ambos aliados do PT na esfera federal.

Mas o relatório do petista foi criticado mesmo entre governistas, por ter incluído jornalistas entre os possíveis indiciados. Estava na lista, por exemplo, Policarpo Júnior, redator-chefe da revista "Veja" em Brasília.

O "Estado" publicou críticas de governistas e oposicionistas ao relatório de Cunha: "Fica parecendo que o relator está usando a CPI como uma vingança. Não tem espaço para aprovar tudo que foi colocado de maneira pessoal no relatório", afirmou o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). "É uma prerrogativa do procurador-geral avaliar se um processo tem ou não de andar", afirmou o vice-líder do governo na Câmara, Luciano Castro (PR-RR). "O procurador e o jornalista são vítimas do objetivo político de atingir determinadas pessoas", disse o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)."

Sob pressão, Odair Cunha aceitou fazer mudanças em seu texto final. Retirou Policarpo Júnior da lista de indiciados, como noticiou "O Globo" em 28.nov.2012. Mas não conseguiu evitar que a CPI terminasse em pizza, como ele mesmo afirmou no dia em que a comissão foi encerrada (18.dez.2012).

O UOL publicou a declaração de Cunha com o adjetivo sobre a CPI: ""Não me compete aqui ficar tendo sentimentos, o que eu posso dizer que é lamentável, que apesar de todo o esforço feito pelos membros da CPI, por todos nós aqui, diante de provas incontestes, a CPMI não existe um juízo de valor sobre nada. Ela se nega a fazer aquilo que é a sua missão essencial. Levantar provas, identificar indícios e apresentar conclusões. As conclusões aqui são nada, um vazio, Uma pizza geral, lamentável", afirmou o relator do caso, Odair Cunha (PT-MG) ao final da sessão".

Histórico
A CPI do Cachoeira foi instalada no Congresso em abril de 2012 após uma série de noticiais de envolvimento de políticos e autoridades com o empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira. Quando a CPI foi instalada, Cachoeira estava preso suspeito de chefiar uma máfia de jogos.

A prisão de Cachoeira decorreu da Operação Monte Carlo, organizada pela Polícia Federal (PF) para desarticular uma quadrilha de exploração de jogos, segundo noticiado pelo portal "G1" em 29.fev.2012, dia em que a PF começou a cumprir os mandados de prisão relacionados à Monte Carlo.

Após a operação, as ligações de Cachoeira com políticos começaram a ficar evidentes e também a influência que ele teria para pedir e prestar favores a esses políticos.

Apareceu conversando com Cachoeira em escutas telefônicas o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), que acabou perdendo o mandato por causa desse escândalo. Mas outros congressistas também foram envolvidos. Todos esses casos foram registrados por esta página "Escândalos no Congresso". Estão disponíveis o resumo das notícias veiculadas pela imprensa, explicações dadas por cada envolvido e o que aconteceu com eles.

Abaixo, link para os textos sobre o envolvimento de cada congressistas no caso Cachoeira:

Demóstenes (ex-DEM-GO) é cassado por conexão com empresário Cachoeira (4.mar.2012)

Rubens Otoni (PT-GO) é suspeito de receber dinheiro de Cachoeira (9.mar.2012)

Protógenes (PC do B-SP) é acusado de envolvimento com Cachoeira (10.abr.2012)

Deputado Leréia (PSDB-GO) se diz amigo de Cachoeira (18.abr.2012)

Sandes Júnior (PP-GO) pediu para Cachoeira pagar pesquisa (27.abr.2012)

O UOL colocou na internet uma página que reúne textos, fotos e vídeos sobre a CPI do Cachoeira. A página reúne notícias sobre outros políticos relacionados ao caso como os governadores Agnelo Queiróz (PT-DF), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ).

O que aconteceu?
Nada. A CPI do Cachoeira terminou sem pedir o indiciamento de nenhum suspeito de integrar o esquema de corrupção que deveria ter sido investigado. O senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) perdeu o mandato por causa de um procedimento disciplinar aberto pelo Senado, não por causa da CPI. Já os deputados relacionados ao caso não foram punidos.

 

UOL Cursos Online

Todos os cursos