Ministro do STF critica delegado que presidiu inquérito do mensalão
O ministro-relator do mensalão, Joaquim Barbosa, criticou na sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quarta-feira (12) a entrevista que o delegado da Polícia Federal Luís Flávio Zampronha deu a veículos de imprensa no mês passado.
Zampronha, que investigou de 2005 a 2011 a existência do mensalão, afirmou à “Folha de S.Paulo” que "o mensalão é maior do que o caso em julgamento no Supremo Tribunal Federal". Segundo o delegado, o esquema era mais amplo nas suas duas pontas, de arrecadação e distribuição. Deveria, afirma, ser encarado como um grande sistema de lavagem de dinheiro --e não só como canal para a compra de apoio político no Congresso.
Barbosa disse ser uma das coisas “bizarras” no nosso país que um delegado que preside um inquérito, quando ele está prestes a ser julgado, dê entrevistas à imprensa. “Isso é um absurdo. Em qualquer país decentemente organizado, um delegado desse estaria suspenso.”
O assunto veio à tona quando o ministro-revisor, Ricardo Lewandowski, citou a fala do delegado ao apresentar seu voto sobre a ré Geiza Dias. Barbosa criticou a referência, dizendo que seu colega nem deveria citar a entrevista. O ministro Gilmar Mendes disse que entrevistas à imprensa não deveriam ser levadas em consideração.
A direção da PF pediu à corregedoria da instituição que apure se o delegado Zampronha violou regras da corporação ao conceder entrevista à Folha e depois ao jornal "O Estado de S. Paulo".
Em nota divulgada nesta quarta-feira, a Polícia Federal afirma que “a Corregedoria Geral do órgão instaurou investigação para apurar a concessão de entrevista pelo Delegado Luís Flávio Zampronha aos Jornais 'Folha de São Paulo' e 'O Estado de São Paulo', logo após a veiculação nos referidos periódicos”.
Entenda o mensalão
O caso do mensalão, denunciado em 2005, foi o maior escândalo do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O processo tem 38 réus --um deles, contudo, foi excluído do julgamento no STF, o que fez o número cair para 37-- e entre eles há membros da alta cúpula do PT, como o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). No total, são acusados 14 políticos, entre ex-ministros, dirigentes de partido e antigos e atuais deputados federais.
O grupo é acusado de ter mantido um suposto esquema de desvio de verba pública e pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio ao governo Lula. O esquema seria operado pelo empresário Marcos Valério, que tinha contratos de publicidade com o governo federal e usaria suas empresas para desviar recursos dos cofres públicos. Segundo a Procuradoria, o Banco Rural alimentou o esquema com empréstimos fraudulentos.
O tribunal vai analisar acusações relacionadas a sete crimes diferentes: formação de quadrilha, lavagem ou ocultação de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, evasão de divisas e gestão fraudulenta.
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