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Brasil sem o PT é "impensável", diz Lula em evento sobre os 10 anos do partido na presidência

O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), à esquerda, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, ao centro, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o seminário "O Decênio que Mudou o Brasil", em Fortaleza - Jarbas Oliveira/Futura Press
O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), à esquerda, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, ao centro, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o seminário "O Decênio que Mudou o Brasil", em Fortaleza Imagem: Jarbas Oliveira/Futura Press

Carlos Madeiro

Do UOL, em Fortaleza

28/02/2013 22h16

Em um longo discurso na primeira edição do seminário que marca os 10 anos do PT na presidência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi econômico nos elogios ao partido. Na noite desta quinta-feira (28), em Fortaleza, Lula afirmou que não é possível mais imaginar o país sem a existência do PT.

"Se querem ver como PT é importante, imaginem esse país sem o partido. Hoje é impensável o Brasil sem o PT. E mais impensável ainda é o país sem essa experiência do nosso governo. E qual o milagre do nossos 10 anos? É que a nossa chegada trouxe tudo que a CUT [Central Única dos Trabalhadores] sonhou durante a vida inteira. O desejo reivindicatório dos trabalhadores foi cumprido. Quantos companheiros morreram e não viram o PT chegar ao governo", afirmou.

Os elogios ao partido não pararam por aí. Em um discurso de mais de uma hora de duração, sendo interrompido frequentemente por aplausos, o ex-presidente voltou a criticar a oposição e defendeu que a presidente Dilma Rousseff siga fazendo comparações com governos anteriores.

"Esses 10 anos fizeram surgir uma consciência politica, e nós temos o direito de não ter medo de enfrentar qualquer adversário. Por isso, eles ficavam sem dormir ao ouvir eu dizer que 'nunca na história desse país'. E eu dizia isso isso para o povo compreender. A Dilma tem que seguir fazendo comparações", disse.

Lula também comentou sobre corrupção e afirmou que, mesmo com as recentes condenações de integrantes do PT no mensalão, o partido não deve aceitar a "pecha" de corrupto. Para isso, ele conclamou aos líderes petistas presentes a lutar com a fama disseminada do partido.

"Nós não vamos permitir que ninguém jogue a pecha que eles carregaram a vida inteira no jeito de fazer política. Eu duvido, e peço para que vocês estudem, que tenha criado tantos instrumentos de combate a corrupção como o criei. Nós queremos uma reforma política, e eu mandei várias propostas como presidente. É só querer. Queria que quem pegasse dinheiro de empresa privada para campanha fosse preso por crime inafiançável", afirmou, complementando minutos depois: "Esse partido não foi feito para pessoas andarem de cabeça baixa. Quem andar, por favor, procure outro partido."  

Revolução na América

O ex-presidente ainda disse que a vitória do PT foi o pontapé para uma mudança na América Latina. "A gente fez uma revolução não só aqui, mas na América Latina. Depois da gente vieram vitórias na Argentina, Nicarágua,  Equador; acabamos com a Alca [Associação de Livre Comércio da América]. Hoje ninguém carrega mais faixa fora FMI [Fundo Monetário Internacional]. Ao contrário, cobramos o dinheiro que ele nos deve", disse Lula, sendo aplaudido em diversos momentos do discurso.  

No Nordeste, Lula não deixou passar batido o tema seca, e fez elogios à "mudança de paradigma" das ações contra os efeitos das estiagens. "Veja a mudança: estamos tendo a seca mais profunda dos últimos 50 anos no Nordeste, e você não viu um saque. Há anos eles dizem que vão acabar com a seca, mas com a seca não acaba pois ela é da natureza. Temos que acabar com o problema da falta de água, e estamos acabando", afirmou.

Lula ainda fechou a palestra fazendo mais elogios ao partido e pedindo trabalho à militância para 2014. "Não existe no mundo um partido de esquerda que exerça tanta democracia como o PT. E quero dizer aqui a todos vocês que  nós temos um plano, e vamos reeleger a presidente Dilma Rousseff", disse.

Ao fim do discurso, os petistas presentes cantaram um dos principais gritos que marcaram a trajetória do ex-presidente: "Lula, guerreiro do povo brasileiro".

O encontro contou com a presença das principais lideranças do partido no país, além de integrantes de outros partidos, como do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), que foi vaiado ao ser anunciado no evento.