Andreza Matais

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Reportagem

Prefeito de São Paulo convida Campos Neto para integrar governo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), convidou ontem o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para compor o seu governo. A coluna apurou que o economista respondeu que tirará, a partir de janeiro, quando deixa o cargo, dois meses de férias para, somente então, pensar no seu futuro.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com quem Campos Neto tem uma linha direta, também gostaria de contratá-lo. Se a composição for essa, a eleição de 2026 começa a ser desenhada nesse campo político, com Tarcísio candidato ao Palácio do Planalto e Campos Neto como seu ministro da Fazenda.

A candidatura do governador, contudo, depende do ex-presidente Jair Bolsonaro, dizem seus principais interlocutores. Tarcísio teria que renunciar ao governo em abril de 2026, movimento que só fará se tiver o apoio do padrinho político.

A inelegibilidade de Bolsonaro é considerada irreversível, mas ninguém duvida de que ele poderá insistir no discurso até o limite, a exemplo do que fez Lula (PT) em 2018. E Tarcísio teria que aguardar fora do governo, um movimento que considera arriscado, dada a imprevisibilidade de Bolsonaro.

Se o lado profissional ainda não está decidido, é dado como certo que Campos Neto é um coringa e será um dos nomes-chave na construção de uma candidatura de centro-direita para as eleições presidenciais de 2026. Se for para o governo de Tarcísio, estará numa vitrine que poderá alçá-lo até mesmo como o candidato desse grupo.

Marqueteiros que atuam para a centro-direita veem o presidente do BC como um bom produto, embora não seja popular e conhecido do eleitor. Barreiras que não consideram intransponíveis. A avaliação é que o eleitor está cansado e as eleições de 2026 serão pautadas por propostas e não por disputas ideológicas.

Campos Neto costuma negar pretensões eleitorais. Ele está escrevendo um livro sobre a sua passagem pelo Banco Central, ainda nas primeiras páginas, contou à coluna.

"Já falaram que eu vou abrir fintech em Miami, já falaram que eu ia trabalhar em indústria, já falaram que eu ia ser ministro, já falaram que ia ser tanta coisa, e a única coisa que eu posso garantir é que vou dar um descanso durante esse tempo", afirmou em junho durante uma palestra.

Trajetória

O economista chegou ao BC em 2019 aclamado até mesmo pela oposição como "um nome moderno" e está saindo acusado de "sabotador" pelo PT e pelo governo, pelos sucessivos aumentos dos juros para segurar a inflação.

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Se na esquerda, Lula é o único com viabilidade eleitoral, como mostram as pesquisas, na direita os governadores Ratinho Júnior (Paraná), Romeu Zema (Minas) e Ronaldo Caiado (Goiás) também são cartas na manga.

A inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) é um alívio para esse grupo, que trabalha para isolar o ex-presidente da disputa presidencial de 2026.

O PP, de Ciro Nogueira, já deu demonstração pública nesse sentido. Num artigo publicado na Folha, se realinhou ao centro se distanciando do extremismo.

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