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PT rebate delator da Lava Jato e diz que doações foram legais

Do UOL, em Brasília

03/08/2015 17h16

O PT rebateu, em nota oficial nesta segunda-feira (3), as acusações do delator da operação Lava Jato Milton Pascowitch. O lobista afirmou, em sua delação premiada, que fez pagamentos de R$ 10 milhões, em espécie, na sede do PT em São Paulo. Segundo ele, este valor saiu de um total de R$ 14 milhões em propinas sobre contrato de obras de cascos replicantes na Petrobras.

As informações constam do pedido de prisão do ex-ministro José Dirceu feito pelo Ministério Público Federal. Dirceu foi preso nesta segunda em Brasília, onde já cumpria prisão domiciliar como condenado do mensalão.

"O Partido dos Trabalhadores refuta as acusações de que teria realizado operações financeiras ilegais ou participado de qualquer esquema de corrupção. Todas as doações feitas ao PT ocorreram estritamente dentro da legalidade, por intermédio de transferências bancárias, e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral", diz a nota assinada por Rui Falcão, presidente nacional do partido.

O pedido de prisão de Dirceu cita o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, também preso pela Lava Jato. "A respeito dos pagamentos a [João] Vaccari, Milton ressaiu que os repasses ocorriam para o próprio Vaccari ou ao PT, em espécie e via doações legais, sendo que cabia a [Gerson] Almada [ex-vice-presidente da Engevix] como os repasses seriam feitos. A propina em razão do contrato dos cascos replicantes somou, afirmou Milton, cerca de R$ 14 milhões, entregues ao longo de 2009 até 2011", diz o pedido de prisão da Procuradoria da República.

"Destes recursos, ressaiu o colaborador, foram feitos pagamentos da ordem de R$ 10 milhões em espécie na sede do PT em São Paulo. Informou o colaborador que em duas ocasiões houve entrega para uma portadora de Vaccari, Márcia. Segundo Milton, os valores repassados a Vaccari eram devolvidos à Jamp (empresa de Pascowitch) por contratos de prestação de serviços que não foram realizados com a Engevix. Pagamento semelhante teria ocorrido, ressaiu Milton, quanto à obra de Belo Monte (também alvo da Lava Jato). Neste caso, a Engevix teria repassado R$ 532.765,05, os quais foram entregues pelo colaborador a Vaccari, em espécie, na sede do PT em São Paulo, aproximadamente em 11/2011."

Um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, Pascowitch é acusado de ter operado propina, em nome da Engevix na Diretoria de Serviços da estatal, elo com o PT. Pascowitch teve a prisão preventiva transformada em regime domiciliar, após ter firmado acordo de colaboração.

Investigadores da Lava Jato suspeitam que o esquema sistematizado de corrupção em obras de refinarias foi espelhado nos contratos do pré-sal. Nele, empresas do cartel pagavam propinas que iam de 1% a 3% do valor dos contratos a agentes públicos, partidos e políticos - sob o comando de PT, PMDB e PP.