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PF prende empresário Wagner Canhedo Filho por suspeita de fraude de R$ 875 mi

Do UOL, em Brasília*

09/10/2015 11h27Atualizada em 09/10/2015 14h49

A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira (9) o empresário Wagner Canhedo Filho, principal gestor do grupo Canhedo, que atua nos setores de hotelaria e de transportes no Distrito Federal.

Canhedo Filho é investigado por suspeita de fraude à execução fiscal, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A prisão do empresário, segundo informou o MPF (Ministério Público Federal), tem o objetivo de garantir o fim de práticas adotadas para impedir a execução de dívidas tributárias.

O empresário é filho de Wagner Canhedo, que comprou a Vasp (Viação Aérea São Paulo) na década de 1990. A empresa decretou falência em 2008, com dívidas superiores a R$ 1,5 bilhão.

A Procuradoria da Fazenda Nacional estima que as fraudes cometidas pelo grupo empresarial tenham causado um prejuízo de R$ 875 milhões aos cofres públicos. O caso é apurado desde o ano passado pelo MPF e pela Polícia Federal.

A principal suspeita investigada é a de que Canhedo Filho usava empresas fantasma, abertas em nomes de laranjas, para movimentar o dinheiro do grupo empresarial. Isso impedia o cumprimento de execuções fiscais –a cobrança de dívidas por meio da Justiça.

A pedido dos investigadores, a Justiça proibiu o empresário de deixar o país.

O UOL ainda não conseguiu entrar em contato com o advogado do empresário.

Operação Patriota

Na Operação Patriota, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Procuradoria da Fazenda Nacional identificaram que empresas de fachada eram usadas pelos gestores do Grupo Canhedo para ocultar o faturamento das empresas em débito com a Receita Federal.

Naquele momento, a suspeita era a de que Canhedo Filho usava empresas fantasmas, abertas em nomes de laranjas, para movimentar o dinheiro arrecadado pelo complexo empresarial, impedindo, dessa forma, o cumprimento de execuções fiscais. A apuração já identificou pelo menos seis empresas que teriam sido usadas na prática.

Em agosto, os investigadores reuniram novas informações que revelaram que o empresário mantém a prática criminosa. “Canhedo Filho migrou seu esquema para a utilização de outras empresas, até então não conhecidas e também não atingidas pelos bloqueios judiciais, no âmbito da Execução Fiscal, dentre as quais seguramente a Cooperativa de Transportes Alternativos e Autônomos do DF”, afirmou o MPF no pedido de prisão enviado à Justiça.

De acordo o com MPF, no dia 28 de agosto, o empresário sacou mais de R$ 1,2 milhão de uma conta bancária em nome da Cooperativa que, anteriormente, havia recebido depósitos vultosos da principal empresa do grupo. Em depoimento à polícia, o responsável pela cooperativa Coota-DF, Gilbson Luna Gadelha, confirmou as suspeitas de que Canhedo Filha usa a entidade para movimentar o esquema fraudulento.

Além da prisão, também foi solicitado que o empresário seja proibido de deixar o país. Os investigadores justificam que diante do “robusto” poder econômico, o risco de fuga é “inafastável”, o que poderia colocar em risco a aplicação da lei penal. (*Com informações da Agência Brasil)