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"Fantasia", diz Pimentel sobre acusação de receber R$ 30 mi e mesada de R$ 300 mil da JBS

Fernando Pimentel durante a eleição de 2014 para o governo de MG - Uarlen Valério/ O Tempo/ Estadão Conteúdo
Fernando Pimentel durante a eleição de 2014 para o governo de MG Imagem: Uarlen Valério/ O Tempo/ Estadão Conteúdo

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

21/06/2017 21h39

Acusado por executivos da JBS de ter recebido R$ 30 milhões de forma irregular durante sua campanha ao governo de Minas Gerais em 2014, o governador Fernando Pimentel (PT) classificou de “fantasia” as delações feitas contra ele. O petista ainda afirmou que as duas denúncias contra ele no STJ (Superior Tribunal de Justiça) na operação Acrônimo estão “eivadas de irregularidades, de ilegalidades”.

As declarações do governador foram feitas nesta quarta-feira (21) durante visita à diretoria de apoio logístico da PM (Polícia Militar), em Belo Horizonte.

O empresário Joesley Batista disse à PGR (Procuradoria-Geral da República), em seu acordo de delação premiada, que, em 2014, repassou R$ 30 milhões ao então candidato ao governo de Minas Gerais por meio da aquisição de 3% do controle acionário do estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, em Belo Horizonte. Joesley Batista afirmou aos procuradores da Lava Jato que tratou do assunto com Pimentel no hangar do aeroporto Carlos Drummond de Andrade (Pampulha), na capital mineira.

Já o executivo da JBS Ricardo Saud disse em sua delação que Pimentel recebeu mesada de R$ 300 mil da empresa durante dois anos, entre 2013 e 2014, para “estruturar” sua campanha em Minas Gerais.

A operação Acrônimo, por sua vez, investiga um esquema de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais do PT envolvendo gráficas e agências de comunicação no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), entre 2012 e 2014, quando Pimentel ocupou o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior da ex-presidente Dilma Rousseff.

"Não tem nada disso", diz Pimentel

“Isso aí (o recebimento dos R$ 30 milhões) é uma invenção, uma fantasia completa, não tem nada disso. Não houve pedido nenhum. Ele está tratando de uma operação comercial normal. Houve uma venda de uma parte de um contrato de concessão que ele comprou. A JBS comprou e agora está fazendo uma denúncia que não se sustenta”, afirmou Pimentel.

O governador disse ainda que a Acrônimo “é outra operação eivada de irregularidades, de ilegalidades”. “A nossa defesa está listando (as irregularidades). Vamos aguardar a Justiça”.

Pimentel afirmou também que há uma “criminalização da política” atualmente no país.

“Está havendo no Brasil, e nós temos de ter muita cautela nesse momento, é claramente um ambiente de criminalização da política, o que é muito ruim para a democracia. Se existem irregularidades, se existem malfeitos, delitos cometidos, eles têm que ser apurados, mas com um ambiente de isenção”, disse o petista. “A acusação não pode ser uma condenação preliminar, tem que ser simplesmente uma etapa do processo judicial”.

Sobre um eventual afastamento de Michel Temer da Presidência, o governador mineiro foi cauteloso e disse que “não tem o menor cabimento” pedir a sua renúncia.

“Pedir a um presidente da República que renuncie não tem o menor cabimento. Isso é uma questão de foro íntimo do presidente. Então, eu acho que nós temos que ter serenidade e aguardar, o presidente tem suas razões. Está apresentado na Justiça e vamos esperar o pronunciamento da Justiça”, disse.