Felipe Luther passa suas tardes estudando para obter o diploma em uma das principais universidades do Brasil, enfiado nos morros verdejantes do Rio, acima das praias chiques do Leblon e de Ipanema.
À noite, ele recolhe o lixo das comunidades ricas.
"Quando conto aos meus colegas de classe sobre meu emprego, com frequência ficam chocados", diz Luther.
Em 2017, ele obteve uma bolsa de estudos para o programa de ciências sociais na PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), uma escola privada da qual saíram presidentes do Banco Central e astros do cinema.
A rara oportunidade de Luther e sua rotina diária são lembretes das disparidades na sociedade brasileira —e no Rio em particular—, onde uma operação policial matou dezenas em maio e reviveu o debate sobre desvantagens e riscos enfrentados por homens negros como ele.