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Cuba critica atitude de "soberba e insensível" de Bolsonaro após fim de parceria

"Não tínhamos outra opção que a retirada de Cuba do programa Mais Médicos", disse o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel - Adalberto Roque/AFP
"Não tínhamos outra opção que a retirada de Cuba do programa Mais Médicos", disse o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Imagem: Adalberto Roque/AFP

Em Havana

21/12/2018 07h33

O governante cubano Miguel Díaz-Canel afirmou na quinta-feira (20) que o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, atuou com "soberba" e foi "insensível" ao questionar o profissionalismo dos médicos da ilha que trabalhavam no país por meio de um convênio com a OPS (Organização Pan-Americana de Saúde).

"Não tínhamos outra opção que a retirada de Cuba do programa Mais Médicos", disse Díaz-Canel em uma cerimônia de homenagem aos profissionais da saúde que retornaram a Havana.

"Era impossível permanecer de braços cruzados ante um governo (eleito) com soberba e insensível, incapaz de entender que nossos médicos chegaram ao país movidos pelo impulso de servir ao povo", disse.

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O governante cubano confirmou o retorno de 7.635 médicos (90%) que integravam o programa Mais Médicos no Brasil e que atendiam principalmente áreas menos favorecidas, em cidades com vagas que não haviam sido preenchidas por profissionais brasileiros. Outros 836 optaram por permanecer no país.

Todos tiveram despedidas com abraços e lágrimas de milhares de brasileiros de coração nobre e valores humanos superiores aos do novo presidente, cujas declarações e ameaças provocaram o retorno."

Havana determinou em novembro a saída de seus profissionais contratados durante o governo de Dilma Rousseff, por meio de um convênio com a OPS.

A decisão foi tomada após as críticas de Jair Bolsonaro, que assumirá a presidência no dia 1 de janeiro. O presidente eleito chegou a afirmar que alguns médicos eram agentes cubanos.

Ele criticou o que considerava condições de "trabalho escravo" dos médicos que foram contratados, separados de suas famílias e recebendo apenas parte do salário, já que o restante era destinado ao governo cubano.

Inclusive chegou a oferecer trabalho, mas sem a intervenção de terceiros. Bolsonaro não convidou Cuba para sua posse.

Díaz-Canel afirmou que os profissionais de Cuba chegaram "a locais esquecidos pelos seletivos serviços médicos do capitalismo selvagem pregado e de defendido por Bolsonaro".

Médicos cubanos trabalham em 67 países, alguns de forma gratuita e em outros que representam uma renda anual de 11 bilhões de dólares para a ilha.