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Oito invenções médicas de baixo custo que podem salvar milhões de vidas

Valeria Perasso

25/07/2015 18h40

Uma camisinha que impede que a mulher sangre até a morte no parto e uma caixa mecânica que detecta parasitas da malária em questão de segundos são algumas das recentes inovações médicas que custam pouco, mas podem solucionar grandes problemas --e salvar muitas vidas.

Trinta dessas inovações foram compiladas pelo Innovation Countdown 2030 (IC2030), uma iniciativa para identificar tecnologias de alto impacto que têm potencial de transformar o mundo nos próximos 15 anos, com apoio da Fundação Bill & Melinda Gates e da Agência Americana de Desenvolvimento Internacional, entre outros grupos.

A iniciativa visa difundir essas inovações, mas a produção em grande escala e a liberação de patentes muitas vezes emperram essa popularização. Conheça oito produtos que são capazes de revolucionar a saúde global e prevenir milhões de mortes:

1 - Embalagem de nylon auxilia partos complexos

Odeon Device - BBC - BBC
Imagem: BBC

Desenvolvido originalmente pelo mecânico de carros argentino Jorge Odón, este gadget de baixo custo é usado para ajudar etapas finais de partos em circunstâncias difíceis, período em que complicações podem levar à hemorragia da mãe e a traumas no recém-nascido.

O "Odón Device" --uma embalagem de polietileno que é envolta e inflada ao redor da cabeça do bebê-- é mais segura e simples de usar do que um fórceps ou um extrator a vácuo, fazendo dele uma boa alternativa para agentes de saúde menos treinados. Como ele vem dobrado em pequenos sachês, também é facilmente transportado a áreas remotas.

2 - Caixa torna água segura para beber

Clorador Zimba - BBC - BBC
Imagem: BBC

O clorador Zimba é uma resposta à crise da água em países em desenvolvimento e está sendo testado em residências na Índia, em Bangladesh e no Nepal. A grande caixa azul tem um compartimento previamente carregado como uma solução de hipoclorito de sódio --água sanitária, em outras palavras.

Quando o aparelho é conectado a uma fonte de água, a pressão do líquido desencadeia a liberação da quantidade adequada de cloro para desinfetar a água. Especialistas calculam que a solução simples pode salvar a vida de até 1,5 milhão de crianças até 2030.

3 - Camisinha e cateter salvam vidas de mulheres

Balão uterino - BBC - BBC
Imagem: BBC

Uma camisinha conectada a um cateter forma uma solução barata encontrada pelo Hospital Geral de Massachusetts (EUA) para reduzir o enorme número de mulheres que morrem ao dar à luz: uma a cada dois minutos no mundo, segundo a ONG Saving Lives at Birth.

O kit, que conta com materiais acessíveis, tem o objetivo de conter graves hemorragias no pós-parto e está sendo usado, atualmente, no Quênia e em Serra Leoa. Funciona assim: a camisinha é inserida no útero e inflada com água filtrada através do cateter, criando pressão para interromper o sangramento.

4 - Respirador vertical para recém-nascidos em perigo

Ressuscitador neonatal - BBC - BBC
Imagem: BBC

Um a cada dez recém-nascidos do mundo tem problemas respiratórios imediatamente após nascer. Um ressucitador neonatal reutilizável e fácil de montar foi criado para prevenir mortes em locais carentes, onde muitas vezes não há equipamentos adequados para ajudar os bebês a respirar.

O aparelho consiste em um bulbo que, ao ser pressionado pelo agente de saúde, infla os pulmões do bebê inconsciente. O design vertical é uma novidade, cujo objetivo é melhorar a adequação do produto e permitir que o máximo de ar seja aproveitado.

5- Anticoncepcionais injetáveis em dose única

Anticoncepcional injetável - BBC - BBC
Imagem: BBC

Contraceptivos injetáveis já são um dos métodos mais populares de prevenção da gravidez em países em desenvolvimento, mas a técnica até o momento não é amplamente disponibilizada à população fora de hospitais. Agora, um anticoncepcional de dose única que vem embalado com uma agulha --para ser aplicado sob a pele-- está sendo distribuído em Burkina Faso, Níger, Senegal e Uganda.

Uma dose garante três meses de proteção, e especialistas afirmam que ela pode ser aplicada com treinamento mínimo. Ou seja, o produto pode até ser aplicado pelas próprias mulheres, em casa.

6 - Malária pode ser diagnosticada em um segundo

Teste de malária - BBC - BBC
Imagem: BBC

A epidemia global de malária totaliza quase 200 milhões de casos por ano, e a doença coloca em risco 3,3 bilhões de pessoas no mundo. A detecção precoce é crucial, e uma caixa portátil pode ser uma importante arma nesse aspecto. Trata-se do aparelho RAM (Rapid Assessment of Malaria, ou rápida avaliação de malária), desenvolvido em 2014 pela empresa Disease Diagnostic Group.

O equipamento usa campos magnéticos e luz para detectar parasitas da malária --método mais simples do que aqueles que se baseiam em reagentes sensíveis à temperatura e também mais rápido, já que a análise de uma amostra de sangue pode levar um ou dois segundos.

7- Um check-up da visão sem a necessidade de especialistas

Aparelho ocular - BBC - BBC
Imagem: BBC

A maioria das 300 milhões de pessoas cegas ou que sofrem de perda significativa de visão vivem em países de baixa renda, sobretudo na Ásia. E a incidência desses problemas tende a crescer, ante o envelhecimento da população global. Por isso, especialistas acreditam que é crucial ampliar o acesso ao diagnóstico e torná-lo mais portátil.

Um aparelho identifica sinais precoces de problemas oculares, mas com novidades em relação a equipamentos semelhantes: ele é fácil de ser transportado e pode ser operado por um técnico com treinamento mínimo, que deve, então, arquivar os resultados dos exames para que eles sejam analisados remotamente, via internet, por um oftalmologista.

8 - Detector avalia risco de pré-eclâmpsia

Alerta Microlife - BBC - BBC
Imagem: BBC

Uma em cada 20 mulheres sofre de pré-eclâmpsia, condição associada ao aumento extremo da pressão sanguínea em uma etapa da gravidez, colocando a mãe sob risco de convulsões. E muitas mães só são diagnosticadas quando é tarde demais.

Ao custo de US$ 20, o VSA (Microlife Vital Signs Alert) é um aparelho portátil que calcula o risco da paciente de entrar em choque e alertar caso ela precise de tratamento urgente. O equipamento está sendo testado em sete países africanos e asiáticos.