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Secretaria iniciará revisão de mortes por dengue no RJ

Clarissa Thomé<br>Do Rio de Janeiro

23/04/2008 17h55

A Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil (Sesdec) do Rio iniciará a revisão de todas as mortes provocadas pela atual epidemia da dengue. Os técnicos analisarão o motivo do alto índice de mortes pela enfermidade e por que têm sido menos comuns os registros de óbitos pela forma mais grave - a dengue hemorrágica. Entre janeiro e ontem, 92 pacientes morreram da doença infecciosa no Estado e outros 96 casos aguardam confirmação. Na pior epidemia registrada até então, a de 2002, houve 91 falecimentos.

O que motivou a investigação é o fato de as estatísticas de morte por dengue divulgadas pelo governo do Rio de Janeiro mostrarem uma mudança no padrão dos óbitos. Entre 1990 e 2004, só há registros de morte por dengue com hemorragia - nenhum caso de falecimento pela chamada síndrome do choque da dengue (queda brusca de pressão, pulso imperceptível) ou pelas complicações. Nesse período, 150 pessoas morreram da doença no Estado.

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Em 2005, houve o primeiro registro de morte por dengue não hemorrágica. Em 2007, foram notificadas 22 mortes pela forma hemorrágica e 15 pela síndrome do choque ou por complicações, como as hepáticas, ou por agravamento de doenças preexistentes. Este ano, foram 92 mortes - somente 32 por dengue hemorrágica. Houve 17 registros de morte por choque e 43 por complicações. "Esses óbitos serão investigados para saber se houve alguma mutação do vírus, se está havendo uma agressividade maior", afirmou o superintendente de Vigilância em Saúde da Sesdec, Victor Berbara.

Berbara ressaltou, no entanto, que hoje se tem mais conhecimento a respeito da dengue, o que pode ter mudado os dados. "A avaliação dos casos mudou. Antes, acreditava-se que todas as mortes eram por dengue hemorrágica e hoje é possível diferenciar os casos. O conhecimento avançou", afirmou. Ele lembrou ainda que, depois de sucessivas epidemias, a doença torna-se mais agressiva nos pacientes contaminados mais de uma vez.