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Estudo aponta que planos de saúde não investem em prevenção

11/11/2008 12h20

São Paulo - Apesar do estudo sobre mortalidade divulgado na última semana pelo Ministério da Saúde indicar que as cinco principais causas de morte dos brasileiros estão relacionadas ao estilo de vida, os planos de saúde pouco investem em prevenção. E mais: os 29% que afirmam terem algum tipo de programa preventivo o fazem com relação a doenças crônicas, direcionado a pacientes que já estão doentes. Outro dado importante é que 70% das pessoas, quando adoecem, procuram diretamente o médico especialista, e não um clínico-geral.

Esse é o resultado de um estudo comparativo sobre o setor de saúde privado, realizado pela empresa de consultoria CVA Solutions, que ouviu 4 mil usuários de 33 operadoras de saúde, além de 153 representantes da área de recursos humanos responsáveis pela escolha dos planos nas empresas. A pesquisa foi realizada entre junho e julho deste ano, nos Estados de São Paulo e do Rio.

De acordo com o estudo, as pessoas necessitam e estão receptivas a programas de prevenção. Nos últimos dois anos, 29% dos beneficiários participaram de algum programa para adotar hábitos mais saudáveis, mas em 71% dos casos os planos não cobriram o tratamento. Entre as coberturas desejadas e que não são oferecidas estão check-ups regulares, subsídio a medicamentos, programas de vacinação, terapias alternativas e descontos em academias.

"O problema é que os planos pensam em prevenção para quem está doente e se esquecem dos 90% de usuários saudáveis que acabam se sentindo abandonados pelo plano", disse o coordenador do estudo Sandro Cimatti. O presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo, Arlindo de Almeida, discorda dessa conclusão. "Trabalhamos com 42 tipos de programas de medicina preventiva. As maiores operadoras certamente oferecem. O número de operadoras pode não ser tão alto, mas em termos de beneficiários, certamente a maioria é atingido".

Benefícios

Ainda segundo a pesquisa, 52% dos usuários estão acima do peso. Desses, 29% têm sobrepeso, 23% são obesos e apenas 35% estão com o índice de massa corporal (IMC) considerado saudável. O tabagismo, outro fator de risco importante, atinge 18% dos beneficiários dos planos. Se pudessem participar de um programa de melhoria da saúde que fosse coberto pelo plano, 59% das pessoas certamente participariam. Cerca de 30% talvez participassem, 3% não participariam e 8% não sabem se participariam, segundo mostra o levantamento.

Segundo Cimatti, o valor percebido pelos usuários de plano de saúde é ruim, ou seja, 59% dos beneficiários acham que os custos são maiores do que os benefícios. "Os pacientes crônico correspondem a cerca de 10% do total de usuários e representam 65% do custo da operadora. Os demais pacientes poderiam ter um relacionamento mais próximo com seu plano de saúde se tivessem esses programas de prevenção, o que aumentaria a percepção de valor da empresa e reduziria a sinistralidade a longo prazo", disse.

Fabiana Cimieri