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Pacientes tem 'recall' de silicone

06/10/2009 10h30

São Paulo - Há cinco anos, a promotora Marina (nome fictício) colocou próteses de silicone nos seios. "Queria dar harmonia ao meu corpo." Quatro anos depois, problemas. "Quando levantava os braços, as próteses subiam." Os seios ficaram inchados e doloridos. "Não podia dormir de bruços." Marina, hoje com 36 anos, teve de voltar ao cirurgião para trocar o implante.

Como ela, milhares de mulheres tiveram ou terão de trocar as próteses. "Os implantes não são eternos", diz o cirurgião plástico do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade de São Paulo (USP) Alexandre Mendonça Munhoz. Segundo ele, metade das pacientes que fizeram implante na década de 80 terá de trocar as próteses, pois os implantes daquela época - o primeiro boom do silicone no Brasil - têm duração de 10 anos. Depois desse prazo, podem romper. De acordo com ele, muitas mulheres têm implantes rompidos e não sabem disso.

Os problemas que o rompimento pode causar são muitos: dores, vermelhidão, irritação na musculatura ou nas glândulas mamárias, nódulos nos seios, dificuldade para movimentar os braços e, se o silicone for fluido, pode migrar para outras regiões, provocando inflamações. O implante rompido também pode se confundir com cistos, dificultando diagnósticos de doenças mamárias, como câncer.

O rompimento reflete ainda na estética e, junto com as dores, são as causas que fazem as mulheres procurar o médico. "As próteses são de material sintético que têm tempo de durabilidade e desgastam com o tempo", diz. Munhoz explica que os implantes atuais são mais duráveis, mas não é possível afirmar por quanto tempo. "Estimamos entre 15 e 20 anos."

Para resolver o problema, só com a remoção ou troca da prótese de silicone. De acordo com o cirurgião do HC, na maioria dos casos a troca é o processo mais indicado. "Tirar o implante pode deixar os seios flácidos." A cirurgia vai repetir a cicatriz da primeira operação e os cuidados pós operatórios também são os mesmos. O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, José Tariki diz que, com acompanhamento médico regular - uma vez por ano - evita-se o problema. "Pode-se descobrir se houve ruptura." As informações são do Jornal da Tarde.

AE