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Dengue e mortes suspeitas são investigadas no Guarujá, em SP

26/02/2010 09h55

Santos e Ribeirão Preto - A saúde do Guarujá agora é caso de polícia. Surpreendido com o aumento de número de Boletins de Ocorrência (BO) de morte suspeita, o delegado titular do município, Cláudio Rossi, instaurou um inquérito coletivo para apurar as causas de mais de 85 mortes ocorridas em fevereiro.

"É normal o registro de BO de morte suspeita, mas, em fevereiro, esse número mais que dobrou. Somado a isso, há o fator dengue, com muitas reclamações de pessoas que tiveram alguns familiares mortos", disse o delegado.

De acordo com ele, os BOs de morte suspeita são registrados sempre que os médicos não fornecem atestados de óbito, seja porque não tiveram tempo ou porque o paciente passou mal em casa e chegou ao Pronto Socorro morto.

"Algumas pessoas já relataram que, quando estavam registrando o BO, seus familiares foram mal atendidos, ou que foram dispensados e depois morreram", diz o delegado, afirmando, entretanto, que no momento da dor da perda, é comum os familiares se revoltarem contra o sistema de saúde sem que esse seja necessariamente culpado.

No entanto, em mais de 30 anos na polícia, Rossi nunca viu tantos casos de morte suspeita em um único mês e por isso optou pelo inquérito. "Nós vamos apurar para ver se houve imperícia médica, omissão de socorro ou falta de vaga nos hospitais da região", afirmando que, embora a falta de vaga não seja crime, o Ministério Público precisa saber se tal informação confere para tomar as providências cabíveis.

Entre os casos apurados, há mortes na rede pública e na rede privada. O delegado vai ouvir depoimentos de familiares das vítimas, médicos e responsáveis pelas unidades de saúde onde elas foram atendidas. Além disso, a Polícia Civil vai avaliar as fichas médicas e os laudos técnicos sobre o estado de saúde de cada paciente que veio a óbito.

Epidemia em Ribeirão Preto

Os 1.791 casos de dengue deste ano ultrapassaram os 1.694 registrados em todo o ano de 2009, em Ribeirão Preto. Esse número indica que a cidade entra no quadro de classificação de epidemia, pois tem 318 casos por 100 mil habitantes.

As autoridades da saúde consideram que há epidemia quando a incidência da doença atinge 300 casos por 100 mil habitantes. A Secretaria Municipal de Saúde, no entanto, já considerava a situação como de epidemia, pois teme que ocorra explosão de casos entre março e abril - existem ainda 2.632 casos suspeitos.

Vários casos de confirmações de 2009 ainda foram computados nos últimos dias, pois os resultados de exames laboratoriais ficaram prontos recentemente.

Rejane Lima e Brás Henrique