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Alternativas mais saudáveis ao açúcar ganham espaço no mercado brasileiro

O agave é uma planta mexicana de onde é retirado um xarope adocicado com a consistência do mel - Divulgação Mundo Verde
O agave é uma planta mexicana de onde é retirado um xarope adocicado com a consistência do mel Imagem: Divulgação Mundo Verde

Chris Bueno

Do UOL, em São Paulo

15/06/2012 07h00

Já imaginou algo equivalente ao açúcar, mas que não engordasse? Pois esta maravilha já existe! Para quem quer comer doce sem culpa, o agave e o FOS são duas opções saudáveis que já estão no mercado brasileiro.

O agave é uma planta mexicana, de onde é retirado um xarope adocicado, com a consistência do mel, que pode ser usado para adoçar comidas e bebidas sem preocupação, pois não engorda: tem apenas 3,34 calorias por grama. “O agave é uma opção mais saudável porque é um alimento orgânico, de baixo índice glicêmico e que apresenta poder adoçante maior do que o açúcar comum”, diz a nutricionista Juliana Dragone.
 
Por ser natural, o agave também possui várias vantagens, segundo a nutricionista Bruna Murta, da Mundo Verde, pois realça o sabor dos alimentos e tem absorção mais lenta, sendo indicado para quem quer emagrecer. “O grande benefício é ser um produto orgânico, livre de contaminação química, 100% natural, sem glúten e sem lactose”, explica.

E é versátil: pode ser usado também no preparo de alimentos, como bolos e tortas. Mas deve ser consumido com moderação: por ser fonte de frutose, seu consumo exagerado pode aumentar os níveis de triglicérides e de glicemia, não sendo indicado para diabéticos.

“O agave é um grande aliado para quem busca uma alimentação saudável. É uma opção nutritiva, rica em sais minerais (ferro, cálcio, potássio e magnésio)”, diz a nutricionista Bruna di Chiara Passos. Popular em vários países, como Estados Unidos, Canadá e México, já está sendo comercializado no Brasil, mas apenas em lojas de produtos naturais, com preço ainda não muito doce: uma embalagem de 330 gramas custa cerca de R$ 19,00.

Tecnologia Nacional
  
Outra opção é o FOS (fruto-oligossacarídeos). Além de não engordar, o FOS não causa cáries e pode ser usado por diabéticos. “Ele não engorda porque sua molécula é muito grande para ser quebrada pelo organismo. Isso já não acontece com o açúcar de mesa.”, explica Michelle Ferreira De Simone, nutricionista da clínica Health Life em São Paulo.  Mas as vantagens e benefícios do FOS vão muito além.

Ele pode ser classificado como um alimento funcional, pois traz muitos benefícios para a saúde como ser absorvido apenas pelos micro-organismos que vivem na parte final do intestino. “Ao ingerirem o FOS, esses organismos crescem e ajudam no tratamento de algumas enfermidades como diabetes e câncer e problemas de absorção de cálcio”, afirma Dragone.

Estudos apontam que o produto melhora o trânsito intestinal, auxilia na recuperação pós-operatória, fortalece o sistema imunológico e até contribui para prevenir o câncer de cólon e de mama. Só se deve ter cuidado e não exagerar, pois o consumo excessivo pode causar diarreia e flatulência. Cada organismo tem sua tolerância de consumo, mas recomenda-se algo em torno de 6 a 8 gramas por dia.

O FOS é muito utilizado nos Estados Unidos e em vários países da Europa. Já no Japão é   empregado há mais de 20 anos. Ele pode ser obtido na forma de pó puro, em mistura com outros açúcares ou ainda em cápsulas. Geralmente é encontrado como ingrediente de produtos como barras de cereais, leite em pó, chicletes, sorvetes, biscoitos, doces e sucos, ou como complemento alimentar em produtos de alimentação infantil.

No Brasil, a variedade é bem mais modesta e praticamente se resume a fórmulas infantis ou complementos alimentares. E o que encarece muito o produto é o fato de ser importado. Porém, a Unicamp desenvolveu um novo processo para a produção do FOS com tecnologia totalmente nacional, o que poderá baratear – e muito – o produto. No entanto, ainda não há previsão de quando esta tecnologia entrará em escala industrial.

Vilão branco

O açúcar refinado branco – o mais usado no país – é cada vez mais apontado como o grande vilão das dietas saudáveis. Ele é comumente associado a graves problemas de saúde, como diabetes e obesidade, além de engordar e causar cáries. Mas essa é só a ponta do iceberg.

Consumido em excesso, o açúcar refinado contribui para depósito de gordura corporal; colabora para o envelhecimento precoce, pois provoca a perda de elasticidade dos tecidos; enfraquece dentes, ossos e o sistema imunológico; empobrece o aproveitamento e a fixação de nutrientes; e causa problemas digestivos.

 “Infelizmente o açúcar branco refinado não contém nenhum valor nutritivo, apenas calorias”, aponta Dragone, que ainda lembra que uma colher de sopa de açúcar equivale a 125 calorias.

A Associação Americana de Cardiologia indica o consumo diário de açúcar de, no máximo, 100 calorias, ou seja, 25 gramas para mulheres, e de 150 calorias, correspondendo a 37,5 gramas, para homens. “O açúcar é tóxico e quando consumido em excesso, é armazenado sob a forma de triglicérides, aumentando o risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares e depósito de gordura corporal nas vísceras, órgãos e sistemas”, afirma Passos.

Com tantas desvantagens assim, muitas pessoas têm procurado alternativas mais saudáveis. Além do extrato de agave e do FOS, os nutricionistas recomendam o uso de adoçantes ou stévia (adoçante de origem natural).

Para quem não gosta de adoçantes, Dragone sugere então o consumo do açúcar mascavo: “A escolha do açúcar mascavo ou orgânico é a melhor opção, pois é rico em nutrientes como cálcio, ferro, potássio, magnésio, fósforo, sódio, flúor e cobre. Também possui vitaminas como A, D, E, C e do complexo B”. Isso sem contar que é menos calórico: uma colher de chá tem apenas 15 calorias.

Dez motivos para não exagerar no açúcar

1. Pode desativar o sistema imunológico e prejudicar a defesa contra doenças infecciosas
2. Interfere na absorção de cálcio e magnésio e de proteínas
3. Pode provocar um aumento rápido da adrenalina, da hiperatividade, da ansiedade, da dificuldade de concentração e da irritabilidade, especialmente em crianças
4. Pode aumentar o nível total de colesterol e triglicerídeos
5. Gera a perda de elasticidade e funcionalidade dos tecidos e, consequentemente, o envelhecimento precoce
6. Pode aumentar o nível de glicose em jejum e levar, como reação, à hipoglicemia
7. Pode gerar muitos problemas do trato gastrointestinal, como gastrite, indigestão e colite ulcerativa
8. Pode causar uma queda na sensibilidade à insulina levando ao desenvolvimento de diabetes
9. Pode originar aterosclerose e doenças cardiovasculares, e também contribuir para a osteoporose
10. É um dos grandes responsáveis pela obesidade

Fonte: Roche - Divisão diagnostics para pacientes e profissionais de saúde