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Casos de alergia aumentaram de forma assustadora nos últimos 20 anos, diz médica

Luciana Alvarez

Do UOL, em São Paulo

18/07/2012 07h00Atualizada em 24/04/2015 13h20

No inverno, pacientes com doenças respiratórias costumam lotar os hospitais nas regiões mais frias e secas do país. Mas além das gripes e resfriados da estação, que são infecções causadas por vírus, as alergias respondem por grande parte dos atendimentos.

“O número de casos aumentou assustadoramente nos últimos 20 anos. Isso tem relação com o estilo de vida atual, mas ninguém sabe dizer qual é o fator principal. É a pergunta de um milhão de dólares”, afirma Ana Paula Moschione, diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai).

Apesar de haver bastante confusão entre alergias e infecções, Moschione garante que não é muito complicado perceber as diferenças. “Resfriados e gripes costumam dar menos coceira no nariz e provocam algum mal-estar, mesmo que seja leve. A alergia é crônica, a pessoa tem crises várias vezes, em geral é desencadeada de forma repentina, quando se entra em contato com um alérgeno ou irritante”, explica a alergista.

Alérgenos são os elementos que provocam alergia para aquela pessoa – os mais comuns são ácaros, mofo, pelos de animais e certos alimentos. Mas os alérgicos também sofrem com a hipersensibilidade a elementos irritantes como fumaça de cigarro, cheiro de gasolina e a baixa umidade relativa do ar.

As duas manifestações mais comuns de alergias são nas vias respiratórias (com espirros, coceira, coriza e nariz entupido) e na pele (com inchaço, vermelhidão, coceira e prurido). Embora ninguém saiba responder exatamente o porquê, a incidência das alergias vem crescendo no mundo.

Resposta atrapalhada

As alergias são uma resposta atrapalhada do sistema imunológico, resultado de um desequilíbrio entre seus dois mecanismos de defesa e um erro de interpretação sobre o que configura um risco ao organismo, afirma Eduardo Finger, doutor em imunologia e diretor de pesquisa e desenvolvimento do laboratório Salomão Zoppi.

“Ter uma urticária solar, caso da pessoa cuja pele incha e coça ao se expor ao sol, vem de um ‘erro de programação’, porque o sol não é uma ameaça. É o que muitos chamam de disimunidade”, afirma o imunologista.

Segundo o médico, o sistema imunológico funciona como uma barreira, determinando o que pode e o que não pode estar dentro do corpo. “Para eliminar o indesejável, ele dispõe de dois mecanismos. Um visa matar e eliminar completamente o que é indesejável – usado para combater bactérias e vírus, em geral se manifestando como febre, dor e inflamação. O outro que visa expelir aquilo que não pode ser aniquilado,  como no caso de de um verme, por exemplo, que é grande demais para ser destruído, ao mesmo tempo em que evita causar danos colaterais ao próprio corpo”, diz Finger.

Nas alergias, o segundo mecanismo é ativado, mas para combater algo que não é realmente uma grande ameaça ao organismo. É como se o sistema imunológico usasse seu poder de fogo total para expulsar um simples grão de pólen.

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