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Viagens curtas surtem mais efeito do que férias longas, dizem pesquisas

Julia Roberts em cena de "Comer, Rezar e Amar", filme que mostra como uma viagem pode mudar a vida de uma pessoa. No mundo real, mudanças significativas devem ser tomadas com cautela - Divulgação
Julia Roberts em cena de "Comer, Rezar e Amar", filme que mostra como uma viagem pode mudar a vida de uma pessoa. No mundo real, mudanças significativas devem ser tomadas com cautela Imagem: Divulgação

Nancy Campos

Do UOL, em São Paulo

29/09/2012 07h00Atualizada em 01/10/2012 15h43

Férias são um dos melhores remédios para evitar e aliviar o estresse. Elas devem ser tiradas todo ano, pois o organismo precisa de uma pausa nas atividades cotidianas para repor as energias. Direcionar a atenção para lugares, temas e pessoas que não convivemos diariamente é uma forma de gerenciar a tensão. Portanto, neste caso, as viagens unem o útil ao agradável.
 
O período deve ser aproveitado para dormir e acordar sem horários fixos, alimentar-se de forma saudável e deixar a mente livre de pressões ou cobranças, segundo Eliana Torrezan, diretora do Centro Psicológico de Controle de Stress – Unidade Vila Olímpia, em São Paulo (SP). “Não se deve acumular as férias”, alerta.

Viagens curtas também são eficazes no controle de estresse. “Elas são estratégicas, pois a pessoa aproveita um final de semana para relaxar e, ao voltar, poderá ter mais energia para continuar com a sua rotina, lidar com um problema ou mesmo tomar uma decisão importante. Elas funcionam como uma parada para reorganizar as ideias, pensar com calma, descansar e depois enfrentar as dificuldades ou executar novos planos”, diz Torrezan.

Pesquisas comprovam que, muitas vezes, as viagens curtas surtem mais efeito do que férias longas, de acordo com Esdras Guerreiro Vasconcellos, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e diretor científico do Instituto Paulista de Stress, Psicossomática e Psiconeuroendrocrinoimunologia (IPSPP). “O ideal seria fazer três pausas por ano”, afirma.

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    Para quem busca tranquilidade e belas praias, a Ilha do Mel, no Paraná, é uma excelente pedida

Biotipo e personalidade

Ele explica que viajar faz parte de um mecanismo natural da mente, que se reflete no comportamento, para aliviar a tensão ou reagir a um dano ou ameaça. É conhecido na psicologia como “estratégia de coping”. Entretanto, cada pessoa se estressa ou reage à tensão de acordo com o seu biotipo e a sua personalidade.

“Alguns escolhem relaxar por meio de uma visita cultural a Machu Picchu, enfrentando a montanha e o ar rarefeito, por exemplo. Para outros, aquilo é só ruína. Eles preferem ir à praia. Portanto, o coping deve estar ligado primeiramente ao prazer”, observa Vasconcellos.

Entretanto, quem recebe o diagnóstico de estresse não deve correr para fazer as malas e embarcar para o destino dos seus sonhos já no dia seguinte, segundo o professor da USP. Parece um paradoxo, mas a parada brusca pode causar problemas como insônia, gripe, alergia, arritmia cardíaca, irritabilidade e até provocar acidentes.

“O organismo sob estresse recebe uma descarga contínua de hormônios como cortisol e noradrenalina, que não se regula imediatamente com a pausa das atividades. O sistema neuroendócrino, que regula a produção de hormônios, precisa de tempo para se adaptar. Por isso, é recomendável viajar depois de três ou quatro dias de férias, para o corpo ir se habituando a se desligar das pressões diárias, como as exigências do trabalho e o trânsito”, explica.

Sozinho ou acompanhado?

A escolha entre viajar sozinho ou acompanhado também depende de cada um. Se for alguém que gosta de fazer amigos e conhecer lugares novos, ir desacompanhado pode ser uma boa escolha, segundo os especialistas. Mas se a pessoa não gosta de ficar só ou está com um nível de estresse elevado, recomenda-se viajar acompanhado por familiares e amigos.

O cinema e a literatura estão repletos de histórias de viagens que mudam completamente a vida de suas personagens, como em "Comer, Rezar e Amar" ou "Sob o Sol da Toscana". Na vida real, entretanto, mudanças significativas devem ser tomadas com cautela, segundo Torrezan.

“Deve-se voltar das férias e rever os novos planos com calma. Converse com pessoas de sua confiança sobre seus objetivos e, somente depois disso, tome a decisão”, sugere a psicóloga.

Para indivíduos que têm dificuldade em tirar férias, a orientação é se programar, procurando uma pessoa que o substitua no trabalho de forma que não seja interrompido durante o período de descanso. “É necessário se desconectar”, afirma ela.

Quem não consegue se desligar do emprego, dos seus negócios ou dos problemas familiares, pode aprender por meio da psicoterapia. “Do contrário, uma doença como infarto ou hipertensão pode obrigar o desligamento”, diz Vasconcellos. Neste caso, viajar – de corpo e alma – é mesmo a melhor opção.

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    Alguns escolhem relaxar por meio de uma visita cultural a Machu Picchu, enfrentando a montanha e o ar rarefeito; para outros, tudo é só ruína

Dicas do Ministério do Turismo para viajar sem se estressar

De avião: chegue ao aeroporto com no mínimo uma hora de antecedência para voos nacionais e duas horas para voos internacionais. Leve uma bagagem de mão com itens de primeira necessidade como dinheiro, medicamentos e documentos, pois no caso de extravio das outras malas, você terá condições de prosseguir viagem. Coloque etiquetas com seu nome, endereço e telefone nas bagagens para facilitar a devolução, em caso de perdas
De ônibus: informe-se com antecedência sobre os horários de partida e de chegada, número de paradas durante o percurso, segurança, roteiros e serviços de atendimento ao cliente. Guarde sempre a passagem e o tíquete da bagagem: eles são a sua garantia em caso de acidente, extravio ou dano na bagagem. Identifique a bagagem com seu nome, telefone, endereço de origem e de destino e leve sempre documentos, valores e aparelhos de uso pessoal na bagagem de mão
De carro: confira os principais itens de segurança do veículo, como pneus, freios, direção, suspensão, componentes elétricos e o nível de água e de óleo do motor, além dos cintos de segurança. Na dúvida, consulte oficinas especializadas. Se for dirigir, não tome bebida alcoólica nem use medicação que afete os seus sentidos. Não se esqueça da Carteira Nacional de Habilitação e do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo
De barcos e navios: verifique se a embarcação atende às normas de segurança da Marinha do Brasil, como capacidade máxima de passageiros, equipamentos de pronto-socorro e kits salva-vidas. Confira também se está em boas condições de uso e, se possível, com a documentação regularizada com as autoridades náuticas
Internacionais: cheque a validade do seu passaporte e tire uma cópia do documento e do visto, para o caso de perda ou extravio. A contratação do seguro-saúde internacional é necessária, bem como do seguro internacional contra terceiros, conhecido como “carta verde”, no caso de viagens automotivas. A apólice tem validade restrita ao tempo da viagem e de cobertura no exterior. Consulte uma corretora de seguros
Agências de Turismo: assine um contrato que especifique os passeios e excursões, recepção, transferências e assistência ao turista durante todo o período contratado. Apenas agências incluídas no Cadastur, do Ministério do Turismo, estão autorizadas a funcionar, portanto, veja se sua agência está cadastrada. Verifique também se há queixa ou denúncia contra a empresa junto ao Procon ou a entidades de prestadores de serviços turísticos. Peça à agência, com antecedência, o documento de confirmação de reserva do hotel; a nota de débito ou recibo da fatura do hotel; as passagens com assento marcado e a programação da viagem
Vacinas e medicamentos: consulte seu médico ou a agência de viagens e se informe sobre a necessidade de tomar alguma vacina contra doenças do local de destino, seja para viagem nacional ou para internacional. No caso de roteiros no exterior, confira a situação sanitária do país e a necessidade de tirar o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP). Caso você faça uso regular de medicação, leve a quantidade suficiente para toda a jornada, pois nem sempre será possível adquiri-la em outros países. Não esqueça da receita, pois é exigida para a entrada de medicamentos em alguns países