Quase 80% dos médicos já tiveram procedimento negado por plano de saúde
Uma pesquisa inédita divulgada nesta terça-feira (23) mostra que 77% dos médicos já tiveram procedimentos ou medidas terapêuticas recusados por operadoras de planos de saúde e 69% sofreram restrições para procedimentos de alta complexidade. Além disso, 42% mencionaram a interferência no tempo de internação dos pacientes.
O levantamento, feito pela Associação Paulista de Medicina (APM) em parceria com 22 especialidades médicas, também contou com a participação de fisioterapeutas e cirurgiões-dentistas. Cerca de 5.000 profissionais foram ouvidos entre os dias 3 e 14 de abril. Os resultados revelam o alto grau de insatisfação em relação aos planos de saúde.
Paralisação na quinta (25)
No próximo dia 25 de abril, médicos prometem realizar o Dia Nacional de Alerta aos Planos de Saúde. A ideia é tornar pública a insatisfação da categoria com as interferências das empresas no exercício da medicina, reivindicar honorários justos e, especialmente, exigir condições adequadas para uma assistência de qualidade aos pacientes.
De acordo com as entrevistas, 80% dos médicos, 88% dos cirurgiões-dentistas e 87% dos fisioterapeutas afirmam que já se descredenciaram ou pretendem se descredenciar de planos de saúde.
Ao fazer uma avaliação geral dos planos, somente 6% dos médicos cravaram índices ótimo (2%) e bom (4%). No caso dos cirurgiões-dentistas, houve 1% para ótimo e 2% para bom. Já entre os fisioterapeutas, nenhum dos pesquisados avaliou a assistência na saúde suplementar como ótima ou boa.
Sobre práticas comuns que interferem na assistência, as principais queixas apontadas pelos médicos foram a não autorização de procedimentos e a interferência no período de internações, como já citado. Além disso, 69% reclamam de ações para dificultar atos e diagnósticos mediante a designação de auditores.
Os principais problemas apontados pelos fisioterapeutas foram glosas indevidas, ou seja, questionamentos de atos realizados pelo profissional que muitas vezes resulta na falta de pagamento (89%); restrição ao número de atendimentos fisioterapêuticos em ambulatório (87%); e a substituição de códigos de procedimentos, sempre para valores menores (87%).
Já os cirurgiões-dentistas citaram a exigência de raio-X inicial e final (84%); a não autorização de procedimentos (71%); e as glosas imotivadas (67%).
Remuneração
Quanto o assunto é remuneração, a insatisfação é declarada por 98% dos médicos, 97% dos cirurgiões-dentistas e 98% dos fisioterapeutas. É quase unanimidade nas três profissões, também, a percepção de que não receberam reajustes que permitam recompor satisfatoriamente os custos envolvidos na prática diária.
Essas e outras distorções referentes à inexistência de cláusulas contratuais com critério e periodicidade de reajuste geraram aumento da carga de trabalho para 83% dos médicos, 80% dos cirurgiões-dentistas e 87% dos fisioterapeutas.
O problema acaba refletido no atendimento ao paciente: 61% dos médicos, 70% dos dentistas e 58% dos fisioterapeutas confirmam que reduziram o número de procedimentos ou cirurgias por causa da má remuneração..
Ainda segundo os profissionais das três áreas, um grande número de pacientes de planos de saúde tem recorrido ao SUS e ao atendimento privado em função de obstáculos colocados pelas empresas.
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