Celulite afeta autoestima e pode até causar dor; veja mitos e verdades
Estudos indicam que 80% das mulheres têm celulite. E algumas especialistas no assunto, como a dermatologista Doris Hexsel, autora do livro Anticelulite, acreditam que “todas as mulheres do mundo têm ou terão algum dia celulite”. A médica chegou a coordenar uma pesquisa, publicada em 2011 no jornal Surgical & Cosmetic Dermatology, em parceria com o Centro Brasileiro de Estudos em Dermatologia, avaliando o impacto dos temidos furinhos na qualidade de vida das mulheres.
Resultado: sete em cada dez participantes afirmaram que o distúrbio “prejudicava muito suas vidas”, especialmente quando mostravam seus corpos em público (na praia ou durante o sexo, por exemplo), cruzavam as pernas ou praticavam um esporte. Em casos extremos, o problema pode até causar dores.
Os tempos atuais não ajudam a amenizar o quadro. Além da alimentação cada vez mais apressada e descuidada, as mulheres se deparam com a pressão e o estresse. Este último é, de acordo com estudo publicado no Jornal da Academia Europeia de Dermatologia, um dos provocadores do aspecto casca de laranja pelo aumento dos níveis de cortisol, hormônio produzido pela glândula suprarrenal e envolvido diretamente no abalo do sistema nervoso.
A saída para afastar o fantasma é, então, livrar o organismo do estresse crônico, priorizando um estilo de vida saudável que afetará positivamente o equilíbrio hormonal.
Causas
São muitas as causas do aparecimento da celulite. A dermatologista Sara Bragança, do Rio de Janeiro, especializada em Terapia Ortomolecular e membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética (SBME), destaca fatores hormonais (como uso de anticoncepcional, que pode provocar retenção de líquidos); hereditariedade (pois histórico familiar positivo pode ser preponderante para o problema); má circulação sanguínea, com presença de varizes; sedentarismo (já que a falta de atividade física favorece a má circulação e o aumento do tecido adiposo); e percentual alto de gordura (caracterizado pelo depósito maior em áreas como coxa, culote e bumbum).
A dermatologista Ana Carolina Amaral, também preceptora do setor de cosmiatria da pós-graduação da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, enfatiza que o estrógeno, hormônio feminino, é um dos principais precursores da celulite. “Por isso, ela é mais comum nas mulheres, e nas partes do corpo que apresentam mais gordura, como abdômen, culote, coxa, bumbum e perna.”
A fisioterapeuta dermato-funcional Ingrid Peres, responsável pela rede de clínicas de estética Onodera, em São Paulo, menciona também do fumo, que diminui o aporte de oxigênio e nutrientes para as células; e costumes alimentares errados, como ingerir mais calorias do que o corpo consegue gastar. “Alguns hábitos, como ficar muitas horas em jejum, também acabam influenciando.”
Diferentes graus
Atualmente, segundo a nova classificação, os médicos analisam cinco variáveis: número de depressões evidentes, profundidade das depressões visíveis, aparência morfológica das alterações da superfície da pele, grau de flacidez ou frouxidão cutânea e classificação na escala anterior (que ia de 1 a 4). Cada uma destas variáveis são pontuadas de 0 a 3. Assim, chega-se ao resultado final: grau leve (de 1 a 5 pontos), moderado (entre 6 a 10) e grave (de 11 a 15).
Para quem quer analisar de forma simples, em casa, a dermatologista Ana Carolina Amaral dá a dica: a celulite é leve se a superfície da pele é lisinha, e as depressões aparecem apenas quando ela é apertada; moderada, se já se percebe o aspecto acolchoado mesmo sem manipulação, quando você está em pé; e avançada, se as ondulações são evidentes estando em pé ou deitada.
Nos graus avançados, a celulite pode doer e comprometer a qualidade de vida. “Em alguns casos, a paciente se queixa de dor no local e relata que o aspecto estético interfere bastante na sua autoestima”, considera a especialista em dermatologia. A fisioterapeuta, completa dizendo que, nos graus avançados, a celulite promove compressão de terminações nervosas locais, detonando a dor.
Invasivas ou não
Felizmente, com cuidados e tratamentos, é possível minimizar ou até eliminar a celulite. São muitas as armas, não invasivas (como cremes e massagens) e invasivas (técnicas como subcisão) atualmente à disposição.
Produtos anticelulite têm efeito limitado. O motivo, considera Bragança, é que eles não conseguem atacar todas as causas. De qualquer forma, podem ajudar no combate ao problema, conforme analisa a também dermatologista Ana Carolina Amaral. “Os cremes redutores entram como coadjuvantes no tratamento, melhorando a textura, a hidratação e a qualidade da pele do paciente. Os resultados dependerão dos princípios ativos e do grau de celulite. Casos mais iniciais se beneficiarão de forma significativa, principalmente se as substâncias empregadas forem retinol, cafeína, ginkgo biloba e nicotinato de metila.”
Importante observar que tais produtos, em sua maioria vasodilatadores e lipolíticos (capazes de queimar gordura localizada), não substituem os bons hábitos (alimentação correta e prática regular de exercícios) e funcionarão melhor se complementados por outras técnicas feitas em consultório. Dica: na hora de passar o creme, faça-o no sentido ascendente, do tornozelo em direção ao joelho e do joelho em direção à virilha, com pressão leve e movimentos de deslizamento.
A cafeína é um dos ingredientes usados para combater os furinhos. Este componente age estimulando a circulação sanguínea na região afetada, gerando um efeito tonificante que se reflete em um aspecto rejuvenescido à superfície da pele. Tudo isso porque o café, ao incrementar a circulação, minimiza os depósitos de gordura, ajuda a eliminar as toxinas e ainda permite ao organismo absorver melhor os nutrientes importantes. Por isso, tantos produtos anticelulite estão incluindo a cafeína em suas composições.
Entre os tratamentos estéticos merecem destaque a endermologia (associação de drenagem linfática a vácuo com ultrassom), capaz de reduzir a retenção de água, favorecer o funcionamento dos sistemas venoso e linfático e potencializar a lipólise, isto é, a quebra das partículas de gordura; a radiofrequência (que age atacando as células de gordura e estimulando o colágeno, melhorando a flacidez e o contorno corporal); e a união de técnicas como infravermelho, radiofrequência e massagem, que conjuga benefícios como drenagem linfática, contração das fibras colágenas e diminuição das células de gordura.
Já a subcisão é um procedimento feito em consultório, sob anestesia local, em que o profissional utiliza uma agulha especial para romper os septos fibrosos que tracionam a pele, puxando-a para baixo (e formando ondulações na superfície). Porém, é um método invasivo e indicado para os graus mais avançados de celulite, salientam especialistas.
O importante é conversar com um bom médico para saber qual a conduta adequada, dependendo do nível da celulite.
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